Redação (31/10/2008)- Há várias semanas, vivemos sobressaltados, diante da verdadeira gangorra em que se transformaram os mercados mundiais. Neste momento, não há setor ou país que possa se considerar imune à crise financeira internacional. No tocante à agricultura, pouco depois de anunciada a maior colheita de grãos da história – 143,8 milhões de toneladas – as atenções se voltam para o plantio da safra 2008/2009.
Em termos práticos, a maior dificuldade no momento está na compra de insumos, especialmente fertilizantes, cujos preços são atrelados ao dólar, o que causa impactos relevantes sobre os custos dos produtores. Para completar o cenário de incertezas, as restrições à liberação de crédito suscitam dúvidas quanto ao desempenho da próxima colheita. No caso específico dos exportadores, há ainda a natural retração dos mercados consumidores internacionais.
Atento a este quadro, o Governo federal já anunciou várias medidas para garantir a próxima safra. No total, representarão injeção de quase R$ 15 bilhões em recursos na agricultura. É importante ainda que seja garantido o aporte de R$ 13 bilhões em crédito, previstos no último Plano Safra para a agricultura familiar, anunciado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário. Deste total, 10% devem vir para Minas Gerais, aproximadamente R$ 1,3 bilhão.Resta aos produtores e a todos que se ocupam da atividade agropecuária seguir produzindo, na expectativa de que as medidas tomadas para amenizar os efeitos da maior crise mundial em décadas tenham bom resultado.
Se o momento é de indefinições, de uma coisa tenho certeza: os agricultores mineiros estão cada vez mais bem preparados, com maior acesso a informações e tecnologia para conduzir de forma sustentável seus negócios. Afinal, não foi à toa que o crédito oficial para a agricultura familiar cresceu mais de 500% desde 2002. Os recursos para a assistência técnica e extensão rural foram ampliados em mais de 1.200% no mesmo período. O investimento deve sempre vir acompanhado de conhecimento, para o desenvolvimento da agricultura, que contemple não apenas o aumento da produção, em termos numéricos, mas principalmente a sustentação das populações rurais em condições dignas.
Destaco alguns números para situar melhor o leitor dos grandes centros urbanos a respeito da importância da agricultura familiar: é este segmento que garante 70% dos alimentos da cesta básica consumidos no Brasil, sendo 67% do feijão, 56% do leite, 89% da mandioca e 70% da carne de frango. Com certeza, vai haver redução no consumo mundial, porém, principalmente de produtos supérfluos e menos de alimentos. Por isso, esta é uma oportunidade para o Brasil, que tem muitas vantagens competitivas na agricultura, em relação a outros países.
É tempo agora de agregar valor aos produtos agrícolas, por meio de investimento na qualidade. Também é preciso que os produtores avancem na profissionalização da atividade, na gestão do negócio, com otimização do uso de insumos para o controle de pragas e doenças e redução de perdas na colheita. As informações são da assessoria de imprensa da Associação Brasileira das Entidades Estaduais de Assistência Técnica e Extensão Rural (Asbraer).
*Engenheiro agrônomo, presidente da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) e da Associação Brasileira das Entidades Estaduais de Assistência Técnica e Extensão Rural (Asbraer).