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Exportação

Inovar para exportar

Aporte em inovação cresce e agrega valor às exportações. Com tecnologia, empresas conseguem ampliar suas margens.

Inovar para exportar

As empresas exportadoras brasileiras começam a consolidar a venda de produtos de alto valor agregado por meio de processos tecnológicos inovadores. Assim, têm ganho novos mercados, elevado as margens de lucro e reduzido a dependência de embarques de commodities.

Na feira alemã Anuga, maior do gênero no mundo dos alimentos e bebidas, as empresas nacionais lançaram novos produtos para garantir o avanço em mercados de nichos específicos. Uma das líderes no mercado nacional de , a indústrias de massas J. Macêdo lançou a farinha de trigo à vácuo, ainda inédita no Brasil. O produto agradou os importadores porque tem maior prazo de validade, ocupa 30% menos espaço nos caminhões, elimina avarias das embalagens de papel e evita contaminações.

Um contêiner maior leva mais produtos, o que reduz custos e eleva os preços em até 40%. A empresa usou o novo produto, junto com a gelatina e as misturas de bolo sem adição de açúcar, para iniciar a meta de garantir 12% de seu faturamento com as vendas no exterior até 2020. “Isso é usar commodity com valor comercial agregado”, diz o diretor de Negócios da Agência Brasileira de Promoção das Exportações (Apex), Maurício Borges.

Nativa da América do Sul, a erva-mate começou a ser exportada sob a forma de extrato concentrado para substituir aditivos químicos em bebidas energéticas, como Red Bull e Flying Horse. Empresas de Estados Unidos, Suíça e Noruega compram a erva brasileira para conferir apelo saudável a seus produtos. “Também vendemos essa tecnologia do extrato vegetal como antioxidante e para dar sabor a arroz, pães e sorvetes na Coreia”, afirma o gerente de projeto da Associação Brasileira de Exportadores de Erva-Mate (Abimate), Haroldo Secco Júnior.

Em busca de agregação de valor com processos inovadores, a mineira Café Bom Dia conseguiu associar sua marca ao apelo sustentável e orgânico defendido pela americana National Geographic. Com um produto tipo “especial” certificado, nicho onde os preços triplicam, a empresa fez um documentário para mostrar o processo de produção. “Fizemos algo para casar conceitos e transferir atributos. Temos café especial que é o primeiro com carbono neutro”, conta o presidente da Bom Dia, Sydney Marques de Paiva. A empresa exporta para 22 países da Ásia, Mercosul e Estados Unidos.

A Brasfrigo, líder nacional em conservas de milho e ervilha, lançou na feira da Alemanha uma nova embalagem que não requer tesoura para cortar. Um produto feito sob medida para mercados mais exigentes, que buscam praticidade, e também para países mais pobres, onde o instrumento pode ser dispensado. “Pode parecer trivial, mas fizemos muitos negócios aqui por causa desse novo processo. Não encontramos aqui nenhum concorrente com esse diferencial”, afirma a gerente de Comércio Exterior da Brasfrigo, Ívini Granado.

Inovadora por necessidade de ganhar novos mercados, a paulista Laticínios Tirolez também começou a oferecer um tipo de queijo embalado à vácuo em pequenas latas. O principal atrativo do produto é a dispensa de refrigeração. “Estamos tentando entrar em produtos ´premium´, diferenciados, em nichos específicos”, diz o diretor de Exportação da Tirolez, Paulo Hegg.

A empresa, que exportará US$ 5 milhões neste ano, também oferece a ricota cremosa ao mercado gourmet e o requeijão para o segmento “food service” e como ingrediente para indústrias alimentícias dos EUA, África e Oriente Médio. “Com inovação, abrimos mercados onde não há muita concorrência”. Em 2009, Hegg já percorreu 24 países para “escarafunchar” oportunidades.

A Ruette Spices, terceira maior exportadora mundial de pimenta e especiarias, está prestes a alcançar seu 100º mercado com um processo inovador que descarta o uso de álcool industrial no tratamento da pimenta. Um secador de café rotativo elimina, pelo calor, o mofo da pimenta e reduz a umidade a 8%. E rende um adicional de US$ 100 por tonelada pela inovação – a pimenta vale hoje US$ 2,9 mil no mercado internacional. Em cinco anos, o sócio da empresa, José Ruette Filho, prevê investir US$ 1 milhão para comprar uma fábrica de esterilização a vapor. “Isso vai nos dar um adicional de US$ 400 por tonelada”, comemora Ruette.

A empresa embarca 9 mil das 34 mil toneladas produzidas no Brasil. E fatura US$ 50 milhões ao vender para países como Islândia, Ilhas Maurício e Nepal.

Em busca de valor agregado, o apiário Lambertucci, de Rio Claro (SP), criou o pólen de mel desidratado para ser usado como cereal no café da manhã. O produto tem forte demanda nos EUA, Europa e Oriente Médio. “Vimos que o importador quer produtos cada vez mais beneficiados”, diz a sócia Joelma Lambertucci de Brito. A empresa vende para Europa, Oriente Médio, EUA e Japão. O pólen é rico em fibras, proteínas e aminoácidos essenciais. O apelo é melhorar pele, cabelo e músculos. O produto está em fase de testes de sabores e de estabilidade.