Uma parceria entre a Itaipu e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) vai ampliar o uso do biogás e do sistema do plantio direto no País. Pesquisadores da instituição, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, estão nesta semana na hidrelétrica para definir os projetos de pesquisa para os dois temas. O encontro começou nessa segunda-feira (13) e vai até quinta (16), no Centro de Estudos do Biogás, no Parque Tecnológico Itaipu (PTI).
A ideia é sair de Itaipu com um passo a passo das ações que serão adotadas pela Embrapa e pela binacional. No caso dos projetos sobre plantio direto, as iniciativas terão também o apoio da Federação Brasileira de Plantio Direto na Palha (FEBRAPDP).
As ações estão incluídas dentro do programa do Governo Federal para reduzir a emissão de gases do efeito estufa. Até 2020, o setor agropecuário brasileiro deve deixar de emitir 1 bilhão de toneladas de CO2, dentro do Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC).
O encontro foi dividido em dois módulos: entre segunda e terça-feira, foi definido o projeto de pesquisa para desenvolver tecnologias de tratamento de dejetos de animais, com ênfase na produção de biogás e fertilizantes. Na quarta e quinta-feira, serão traçadas as ações para a pesquisa de sistema de plantio direto. Ao todo, estão envolvidos pelo menos 20 pesquisadores das unidades de Agricultura, Suíno e Aves, Solos, Agroenergia, Soja, Trigo, Meio Ambiente e da sede da Embrapa. Pela Itaipu, o trabalho é coordenado pela Assessoria de Energias Renováveis e pela Diretoria Geral Brasileira da binacional.
Tecnologia
Os projetos são amplos e preveem, por exemplo, a criação de novas tecnologias para a cadeia produtiva do biogás. Entre as iniciativas que foram discutidas nessa segunda está o desenvolvimento de novos biodigestores, com maior eficiência energética e mais adequados às diversas realidades brasileiras. Outro ponto da pesquisa pretende desenvolver novos reatores biológicos, de alta eficiência, além de novas tecnologias para filtragem do biogás para a produção de biometano veicular. Alguns pontos da pesquisa devem ser permanentes, segundo Cícero Bley Júnior, superintendente de Energias Renováveis de Itaipu. “O Japão, por exemplo, tem considerado o biogás como uma fonte energética importante. E os biodigestores têm evoluído constantemente”, disse Bley Júnior.
Contribuição
O conhecimento adquirido por Itaipu com o biogás na Bacia do Paraná 3 deve contribuir para as pesquisas. Desde 2009, a empresa desenvolve o Condomínio de Agroenergia do Rio Ajuricaba, já em funcionamento em Marechal Cândido Rondon (PR). No local, 27 famílias contam com um biodigestor integrado à propriedade e produzem 690 m³ de biogás a partir dos dejetos de animais. Em relação aos projetos que estão sendo traçados nesta semana, ainda não é possível definir quantas propriedades rurais poderão ser beneficiadas em todo o Brasil, uma vez que cada item deve envolver dezenas de pesquisadores, segundo a Embrapa.
“Estes projetos são tentativas de solucionar problemas que existem hoje nestes setores. Depois, eles ganharão projetos complementares e abrangerão um grupo maior, sempre em parceria. Esperamos contar com apoio de pesquisadores de universidades como a Unioeste, a Universidade Estadual de Londrina e muitas outras”, afirmou o o pesquisador do Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa, José Américo Bordini do Amaral.
“O rendimento está excelente porque temos um nível de discussão e de troca muito alto. São muitas ideias e todas afinadas. O resultado do que discutimos aqui vai beneficiar todo o País”, concluiu Bley.