Pesquisa desenvolvida por Anamaria Vargas, da Uniquímica.
As micotoxinas são metabólitos secundários produzidos por fungos toxigênicos. Esses fungos podem contaminar os grãos nas lavouras, na colheita ou durante armazenamento dos grãos. Os principais fatores associados ao desenvolvimento dos fungos são a temperatura ambiente e a taxa de oxigenação. Outros fatores como infestação de insetos, condições físicas dos grãos, bem como condições e período de armazenamento dos grãos também interferem na multiplicação dos fungos.
As principais micotoxinas que causam impacto sobre a produtividade dos suínos são aflatoxinas, tricotecenos (desoxinivalenol, T2), ergotamina, ochratoxina e zearalenona. Dessas micotoxinas, a zearalenona (ZEA) é a que mais afeta a reprodução por possuir atividade estrogênica. As demais micotoxinas afetam de forma indireta a reprodução através da redução da ingestão de alimentos, atraso no crescimento ou por causar injúrias em órgãos vitais do animal.
A zearalenona é produzidas por fungos do gênero Fusarium, sendo bastante encontrada em diversos grãos, que são contaminados na lavoura, sendo de ocorrência comum no milho. A ZEA está associada à ocorrência de problemas reprodutivos em suínos, que incluem anormalidades uterinas e ovarianas, redução no tamanho da leitegada, infertilidade e pseudogestação. A maioria desses efeitos se deve a ingestão de altas doses de zearalenona durante a gestação das fêmeas. Estudos demonstram que as propriedades estrogênicas da ZEA induzem vulvovaginites em leitoas pré-púberes e anestro em fêmeas cíclicas. Durante a gestação, a ZEA reduz a sobrevivência embrionária e o peso fetal. Também afeta o sistema reprodutivo através da redução na secreção de LH e progesterona e pelas alterações na morfologia dos tecidos uterinos. Nos cachaços a ZEA causa redução da testosterona, e reduzindo a libido e afeta a espermatogênese.
A atividade estrogênica da ZEA é mais pronunciada em marrãs pré-púberes e é caracterizada pelo aparecimento de sinais de hiperestrogenismo que incluem edema de vulva, alargamento uterino, desenvolvimento das glândulas mamárias e prolapso vulvar ou retal. Esses sinais de hiperestrogenismo em leitoas pré-púberes podem ser notados com a ingestão de 1 ppm de ZEA na ração. Em porcas, os níveis de ZEA necessários para desencadear hiperestrogenismo são maiores do que os das leitoas. Efeitos comumente encontrados em porcas são estro prolongado, atrofia ovariana, pseudogestação e alterações morfológicas no endométrio. Rações fornecidas a fêmeas na fase inicial da gestação (2 a 15 dias após a cobertura) contendo 60 ppm ou mais de ZEA interrompem a gestação, porém, o corpo lúteo pode ser mantido por várias semanas após a reabsorção embrionária, caracterizando a pseudogestação. A ZEA tanto pode causar mortalidade embrionária, assim como manter a gestação com um reduzido número de embriões. As atividades estrogênicas no trato reprodutivo, induzidas pela ZEA, pode ser devido à redução de progesterona ou aumento da atividade estrogência, que podem causar alterações na atividade secretória do endométrio, alterando o ambiente uterino, que se torna adverso ao adequado desenvolvimento dos conceptos.
O estudo das micotoxicoses têm tido especial atenção por parte de técnicos e pesquisadores, por causar prejuízos econômicos significativos na cadeia produtiva. Os prejuízos vão desde a desqualificação dos grãos, a redução da produtividade dos animais que ingerem grãos contaminados, além de oferecerem riscos de contaminação para a saúde humana, através da ingestão de grãos contaminados.
A média de positividade e de níveis de zearalenona vêm aumentando de forma substancial, sendo o ano de 2006 com níveis preocupantes de contaminação de grãos. Com isso deve-se dar especial atenção à qualidade dos grãos que estão sendo utilizados, principalmente no plantel reprodutivo, para minimizar a ocorrência de problemas reprodutivos associados à intoxicação por zearalenona.