Um projeto experimental envolvendo suínos e três novas tecnologias direcionadas à produção deve começar a ser desenvolvido a partir do próximo ano. Com duração de três anos, o projeto vai avaliar o impacto da ractopamina, da imunocastração e do uso de polifenóis em substituição aos antimicrobianos durante todo o ciclo de vida do animal, além dos impactos delas no processamento da carne suína. O projeto, intitulado “Inovações tecnológicas aplicadas ao sistema de produção de suínos e seus efeitos na resistência imunológica, comportamento, desempenho zootécnico, qualidade da carcaça e industrialização da carne”, foi submetido à Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e aguarda um parecer da instituição em relação à solicitação de financiamento dos estudos. As fases experimentais serão realizadas na Estação Experimental de Avaliação e Testes de Suínos de Tanquinho, no Instituto de Zootecnia, na Granja e Frigorífico Bressiani e no Instituto de Tecnologia dos Alimentos (Ital).
A formatação deste projeto temático levou dois anos (2007/2008), sendo feito por uma equipe multidisciplinar, com pesquisadores ligados à USP, Unicamp e Unesp e também da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta). O coordenador do projeto, Expedito Tadeu Facco Silveira, explica que a ideia partiu de discussões que envolveram as áreas onde a suinocultura brasileira tem investido, assim como novas tecnologias dentro de um cenário de produção no qual bem-estar animal, meio ambiente e segurança alimentar fazem parte.
No caso dos polifenóis, estas substâncias naturais serão incluídas na dieta dos suínos visando uma melhora da sua resistência imunológica. A União Europeia e outros países vêm proibindo o uso de antimicrobianos como promotores de crescimento e os polifenóis podem se tornar uma importante alternativa. A imunocastração é um método pouco estudado ainda no Brasil. Segundo Silveira, é uma tecnologia que atende aos requisitos de bem-estar e vem sendo adotado também na União Europeia, onde os países-membros proibiram a castração cirúrgica, a não ser se feita com a aplicação de anestésicos. A ractopamina vem sendo utilizada no Brasil e Estados Unidos, mas enfrenta resistência em alguns outros países. A substância é um repartidor de nutrientes, sendo utilizada como um melhorador de desempenho. “Ao final, queremos compreender como estas tecnologias estão influenciando a qualidade dos produtos cárneos e também quais os ajustes necessários quando se utiliza carne com estas tecnologias na industrialização”, afirma Silveira.
Investimento – O projeto ainda contempla a modernização da Estação Experimental de Avaliação e Testes de Suínos de Tanquinho, em Piracicaba (SP). De acordo com Silveira, a ideia é modernizar os locais onde seriam os estudos de ambiência, de tratamento de dejetos e o antigo abatedouro que, reformado, passaria a ser também um centro de treinamento para produtores de suínos e profissionais ligados ao abate. “Na Estação temos condições de fazer a pesquisa em um ambiente controlado, mas, simultaneamente, faremos os mesmos estudos em uma granja comercial, onde estas tecnologias estarão submetidas aos desafios de campo”, afirma o coordenador do projeto.