Redação (02/07/2008)- Nem toda crise vem pra matar. Ás vezes uma crise pode ser profundamente didática e ensinar muito mais do que se poderia imaginar ou esperar. É o caso da recente crise ambiental desencadeada pela divulgação dos dados do Inpe no final do ano passado sobre desmatamentos em Mato Grosso, em Rondônia e no Pará. Na verdade, foi uma crise e tanto, que terminou por derrubar a ministra Marina Silva no Ministério do Meio Ambiente. A sua queda também fazia parte da crise a partir do momento em que ela pôs o pé no desenvolvimento econômico na Amazônia e sonhava com uma preservação acadêmica. Por detrás da ex-ministra havia um mundo de negócios baseado em organizações não-governamentais estrangeiras e nacionais que ganham dinheiro com defesas radicais, além dos técnicos do ministério, com os seus próprios negócios e ideologias políticas. Numa outra ponta da crise, a ex-ministra “peitava” o presidente Lula. Todo mundo sabe que ciúme de homem é muito pior do que ciúme de mulher.
Bom. O novo ministro, carioca da orla e dos chopinhos em Ipanema, nunca viu um pé de couve, e entrou rachando, centrando fogo em Mato Grosso. De saída, ele e o governador Blairo Maggi, de Mato Grosso se chocaram de frente. Num segundo momento, o presidente Lula colocou-o no lugar. E começou um entendimento aceitável para as questões ambientais na Amazônia e, particularmente, no caso de Mato Grosso.
Tudo isso serviu de introdução para recordar a audiência realizada na Câmara dos Deputados, em Brasília, na semana passada. O governador mostrou números, mostrou contradições, mas, sobretudo, mostrou uma nova articulação de Mato Grosso em relação ao meio ambiente.
Maggi mostrou em quadros que 64% do território mato-grossense está preservado, e que nos 36% utilizados para a produção, apenas 7,8% são usados para a produção de grãos, de soja e milho, e 25% são usados pela pecuária. Considera que a pecuária poderá liberar áreas atuais para a produção de grãos, porque falta-lhe produtividade. Comparativamente, as áreas preservadas do estado correspondem a 13 vezes o território do estado do Rio de Janeiro. Hoje a média da pecuária indica 0,9 cabeças por hectare, mas poderá chegar a quatro cabeças, numa integração com a agricultura. “Mato Grosso está aberto à discussão e participação das organizações não-governamentais, para eu no futuro não se cobre do estado de Mato Grosso que não se fez como deveria”. Afinal, completou, “discuti recentemente em Washington, o que será da Amazônia daqui a 50 ou 100 anos. A Amazônia nos preocupa, mas devem sair do Congresso Nacional as grandes soluções que harmonizem a produção e o meio ambiente”. “Passou o tempo do combate. Em Mato Grosso produtores e o estado estão discutindo juntos o desenvolvimento sustentado, que é a preservação ampla, econômica social”.
A verdade, é que o correto manejo produtivo do meio ambiente está se tornando um negócio tão bom como produzir.