Os ácidos graxos ômega 3, contidos em alimentos como peixes e ovos, podem ajudar a prevenir a retinopatia, uma doença nos olhos que pode provocar cegueira em pessoas com diabetes e bebês prematuros, segundo um estudo publicado nesta quarta-feira pela revista Science.
A retinopatia é o desenvolvimento anormal de vasos sanguíneos na retina (que tem altas concentrações de ômega 3) e uma das principais causas da cegueira.
Os ácidos graxos da série ômega 3 desempenham papéis especiais nas membranas celulares do sistema nervoso, mas, como detectaram os pesquisadores, não estão presentes em quantidades suficientes nas modernas dietas ocidentais, repletas de ômega 6.
Estudos recentes demonstraram que o consumo em excesso dos ômega 6, concentrados em alguns alimentos gordurosos e na maioria de óleos vegetais, aumenta o risco de contrair certas doenças e aguça a depressão.
Os pesquisadores estudaram a influência dos ômega 3 na retina de ratos e descobriram que o aumento dos ácidos graxos deste tipo derivado da dieta limitou o crescimento patológico dos vasos sanguíneos denominados neovasos.
No caso dos bebês, os vasos sanguíneos da retina começam a se desenvolver aos três meses depois da concepção e completam seu desenvolvimento no momento do nascimento normal. No entanto, se o parto for muito prematuro, pode-se alterar o desenvolvimento do olho e os vasos podem deixar de crescer ou crescem de maneira anormal.
A aparição rápida e desordenada desses neovasos provoca graves perturbações como hemorragias no interior do olho e, em casos mais severos, glaucoma e descolamento da retina.
Os ratos alimentados com dietas ricas em ácidos graxos ômega 3 pela equipe liderada pela pesquisadora Lois Smith – oftalmologista do Hospital Infantil de Boston – tiveram uma redução de quase 50% do crescimento dos vasos sanguíneos na retina, frente aos alimentados com dietas ricas em ômega 6.
“Nossas descobertas nos dão novas informações sobre como funcionam os ácidos graxos ômega 3, que os torna uma opção ainda mais promissora” para atuar como agentes protetores, disse Smith.
Ela assinalou também que a capacidade de impedir o crescimento desses neovasos com ácidos ômega 3 poderia ajudar a reduzir os gastos em saúde.
“O custo dos suplementos vitamínicos com ácidos graxos ômega 3 é de aproximadamente US$ 10 por mês, frente aos US$ 4 mil mensais que podem custar os tratamentos anti-VEGF (crescimento endotelial vascular)”, indicou.
Smith e sua equipe continuam estudando os lipídios beneficentes para a visão e pretendem iniciar uma nova via de pesquisa na busca dos ácidos graxos ômega 6 mais prejudiciais.
“Encontramos os bons, agora vamos buscar os maus”, assinalou a oftalmologista. “Se encontrarmos os caminhos, talvez possamos bloquear seletivamente os agentes metabólicos negativos”.
Nos Estados Unidos, a retinopatia afeta 4,1 milhões de pessoas com diabetes – um número que tende a dobrar nos próximos 15 anos – e afeta muitos recém-nascidos prematuros.