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Orgânicos brasileiros conquistam credibilidade internacional

<p>Nos últimos dez anos, o setor demonstrou um relevante crescimento, despertado primeiramente pela conscientização de toda cadeia produtiva e pela busca por qualidade de vida. </p><p></p>

Redação (21/10/2008)- Muito se fala sobre sustentabilidade, aquecimento global, movimento verde, uso de novas fontes de energia renováveis e responsabilidade sócio-ambiental. Em outros setores e segmentos, que no passado desconheciam o que era gestão ambiental e responsabilidade social, hoje, em alguns momentos se confundem nos dois fundamentos e são a força institucional motriz para o sucesso no mercado.

Entre esses temas, o Brasil aparece em destaque nos distintos debates mundiais. O setor de orgânicos é um destes exemplos, pois nos últimos dez anos demonstrou um relevante crescimento, despertado primeiramente pela conscientização de toda cadeia produtiva e pela busca por qualidade de vida.

O conceito de orgânicos não se restringe apenas como de produto livre de produtos químicos, pesticidas, hormônios, antibióticos, radiação e outros tratamentos feitos e produzidos pelo homem. Inclui também o pensamento filosófico do desenvolvimento da cadeia produtiva, onde o relacionamento das pessoas, o respeito aos animais, o meio onde se produz e suas conseqüências são fatores determinantes para sua certificação e aceitação junto ao consumidor final.

Hoje, após a regulamentação da agricultura orgânica (Lei 10.831), o grande desafio é fazer deste trabalho uma plataforma de propagação em escala global, quebrando paradigmas do pensamento purista. Este é o objetivo do Projeto Organics Brasil: divulgar e disseminar a capacidade de transformar projetos, sonhos e histórias verdadeiras em produtos orgânicos, com a cara do Brasil e com a marca do Brasil no mercado internacional.

A regulamentação nacional estabelecerá parâmetros iniciais para conformidade dos produtos para acreditação internacional, estabelecerá parâmetros uniformes na atuação para as empresas (certificadoras, processadoras e exportadoras) e até para o consumidor final que, finalmente, pode compreender e distinguir um produto orgânico de um produto natural, hidropônico, não transgênico e outros.

Em 2007, com intuito de conhecer o que exportamos, o projeto iniciou um mapeamento dos projetos que tem certificação destinada ao mercado internacional, com o apoio das certificadoras: IBD, Ecocert, IMO, BCS. Esse levantamento, inédito e finalizado recentemente, mostra que existem 932.120 hectares de área de produção orgânica certificada e acreditada para o mercado internacional; além de 6.182.180 hectares de produtos de base extrativista. Toda a área em questão é demarcada, registrada e com garantia de rastreabilidade da origem dos produtos, estabelecendo uma reputação reconhecidamente nos principais mercados consumidores finais da Europa, Ásia e América do Norte.

Destaque para alguns programas regionais que têm contribuído no desenvolvimento da cadeia produtiva, como: a FIEP (Federação das Indústrias do Estado do Paraná), através do Senai-PR, que estará implementando na cadeia produtiva intermediária – as agroindústrias – a capacitação de processos e qualificação de mão-de-obra como forma de agregar valor aos produtos; o SEBRAE de alguns Estados como o do Paraná, Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Amazonas, Ceará; e outros dez Estados que têm desenvolvido programas regionais de sensibilização e capacitação para pequenos empreendedores neste segmento. Relevante, também, o trabalho de entidades privadas como o Planeta Orgânico (www.planetaorganico.com.br) que foi iniciado primeiramente como uma fonte de informação ao mercado nacional e internacional, e hoje é responsável pela execução da principal Feira do setor na América Latina – a Biofach América Latina.

Do lado das empresas, observamos que além do desenvolvimento de centenas de pequenas empresas e produtores familiares, aparecem também as pequenas, médias e até grandes empresas nacionais conhecidas. Esses atributos despertam interesses no mercado internacional.

Os grandes desafios para o mercado nacional serão: desenvolvimento do mercado interno, conscientização dos consumidores para valorizarem a ética do produto e da cadeia orgânica, produção em escala de mercado, alcançando a sustentabilidade dentro do setor sem perder seus fundamentos, e competir no mercado global, que a cada dia reconhece o Brasil como um dos principais potenciais fornecedores. Podemos esperar que agora, regulamentado, o setor se ajuste e crie representatividade própria para lutar pelos seus interesses e disseminar seus conceitos.