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Sanidade

Pesquisadora Fernanda Almeida fala sobre o desenvolvimento de leitões de fêmeas hiperprolíficas

Pesquisadora no Instituto de Ciências Biológicas, da Universidade Federal de Minas Gerais, explicou sobre os fatores que tem levado ao nascimento cada vez mais frequente de leitões mais leves e menores.

Pesquisadora Fernanda Almeida fala sobre o desenvolvimento de leitões de fêmeas hiperprolíficas

Durante o 17º Congresso Abraves 2015, a pesquisadora Profª Fernanda Almeida do Instituto de Ciências Biológicas (UFMG) respondeu às perguntas do site Suinocultura Industrial sobre o desenvolvimento dos leitões de fêmeas hiperprolíficas. A entrevista aconteceu na quinta-feira (22/10). Acompanhe:

Suinocultura: Com as chamadas fêmeas hiperprolíficas, há um aumento no número de fetos ao mesmo tempo em que se cria uma disputa por nutrientes. Essa disputa tem levado ao nascimento de leitões mais leves e menores. Qual o impacto disso no desenvolvimento pós-natal desse leitão?

Fernanda: Esses leitões vão ter um desenvolvimento pior. Demorarão mais tempo para atingir peso de abate o que, em termos de custo de produção irão comer mais,  gera um custo maior.  Isto, falando dos que conseguem chegar, mas muitos deles não conseguem, porque morrem antes, a mortalidade entre esses indivíduos é mais alta.

Suinocultura: A senhora poderia explicar as principais características e impactos do chamado Crescimento Intrauterino Retardado (Ciur)?

Fernanda: As principais características são que esses leitões apresentam uma cabeça proporcionalmente maior que o resto do corpo, porque o cérebro deles apresenta o tamanho de um leitão normal. Durante o desenvolvimento, o cérebro, como é um órgão essencial para sobrevivência, é priorizado em detrimento do desenvolvimento de outros órgãos.  Por isso que, esses indivíduos, apresentam outros órgãos muito menores, mas proporcionais ao tamanho do corpo do indivíduo, com exceção do cérebro que apresenta um tamanho anormal por ser um órgão de sobrevivência.

Suinocultura: Em relação à seleção de reprodutores machos e fêmeas, o Ciur gera um impacto sobre seus resultados reprodutivos futuros?

Fernanda: Nós achamos que o Ciur gera esse impacto.  Mas, muitos estudos devem ser feitos para que esse impacto do Crescimento Intrauterino Retardado, sobre desempenho reprodutivo, seja confirmado. Porém, os resultados que temos até o momento mostram que sim. Os indivíduos que nascem menores não tem comprometimento de organogênese,  ou seja, desenvolvimento dos órgãos, entretanto, pelo fato dos órgãos serem menores eles irão produzir menos que um indivíduo normal.  Então, não queremos um reprodutor, por exemplo, numa central que inseminação, que vai produzir menos porque se ele produz menos ele não vai ser competitivo com um leitão normal; em termos de produção de doses inseminais.

Suinocultura: O peso ao nascer deveria passar a ser, então, um critério de seleção de machos e fêmeas para o plantel de reprodutores?

Fernanda:  Ao meu ver sim. É um critério muito importante, mesmo porque se esse critério passar a incluir os parâmetros de seleção provavelmente os geneticistas ganhariam muito mais com uma seleção mais precoce ao invés de esperar que o animal atinja uma determinada idade para que o ocorra a seleção. Sendo que, às vezes, esse animal já poderia ter sido destinado ao abate numa idade mais jovem onde o próprio peso de venda seria melhor.