Redação AI 16/09/2002 – Pesquisadores do Departamento de Parasitologia da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) desenvolveram uma ração animal a base de farelo de trigo, modificada por micro organismos, com teor de proteínas superior em 66,34% em relação ao da ração tradicional feita da mistura de farelo de trigo, soja e milho. O bioproduto, feito por ação dos fungos Aspergillus do grupo niger e Hansenula, foi testado com sucesso na alimentação de frangos de corte e agora está em fase de obtenção de patente.
A coordenadora do projeto, doutora em parasitologia Maria Francisca Simas Teixeira, disse que, além da patente, está em andamento a busca de parceiros para a fabricação do bioproduto em escala industrial. Ela estima que o novo produto chegará ao mercado dentro dos próximos três anos. A pesquisadora não detalhou a pesquisa porque está cumprindo as exigências do processo de patenteamento do bioproduto.
Em relação à ração tradicional, Maria Francisca disse que são inúmeros os benefícios do bioproduto para os animais e para os humanos. “Houve uma conversão muito boa de proteínas do produto para as aves”, disse. O frango alimentado com o bioproduto adquiriu sabor idêntico aos criados sem confinamento, conhecidos como os chamados frangos caipiras.
Essa qualidade é atribuída aos efeitos da nova ração, cuja fração mineral aumentou em 7,7% e lipídios em 71,43%, com a adição do Hansenula; enquanto o teor de carboidratos foi reduzido em 21,43%, com o uso do Aspergillus. Quanto o processo de fermentação se deu pela associação dos dois microorganismos, o teor de carboidrato caiu em 34,0%. Trata – se, segundo Maria Francsica, de um produto que pode ser usado como suplemento alimentar para aves de corte. “As análises microbiológicas comprovaram a eficiência do bioproduto sem que houvesse o desenvolvimento de fungos nos tecidos e órgãos”, afirmou a pesquisadora. A pesquisa coordenada por Maria Francisca foi desenvolvida no decorrer de um ano com um financiamento de R$ 16 mil do Banco da Amazônia S/A (Basa).
Maria Ferreira afirmou que o desenvolvimento de bioprodutos na Amazônia, de clima quente e úmido, é mais provável que em outras regiões. “Este é um ambiente propício à proliferação de microorganismos. Assim como eles podem prejudicar a saúde humana e dos animais, podem também ser usados na produção de alimentos saudáveis, sem componentes tóxicos”, comentou a pesquisadora.