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Bovinos

Produzir e exportar, mas com eficiência

Brasil tem potencial para mudar o cenário da pecuária. Genética, sanidade, alimentação e manejo precisam ser aprimorados.

Não há como negar que o Brasil ocupa lugar de referência quando o assunto é a produção e exportação de carne bovina. Segundo dados do Ministério da Agricultura e do Abastecimento (Mapa), o País é responsável por 20% da produção mundial e é líder em exportações, abastecendo 28% do mercado internacional. Porém, tais números estão distantes de refletir a realidade da pecuária brasileira: a produtividade está longe do ideal, com o País enfrentando imensas dificuldades de ingressar com seus produtos nos melhores mercados internacionais.

Segundo Inácio Afonso Kroetz, ex-secretário nacional de defesa agropecuária do Mapa, o Brasil tem que se aperfeiçoar em alguns pontos, como o melhoramento genético, a sanidade animal e uma melhor alimentação e manejo dos animais. Características que auxiliam no aumento da produtividade por alqueire. “Temos 200 milhões de cabeças de gado, mas somos ineficentes na produção, ainda mais se considerarmos a imensa área que utilizamos. Para se produzir mais carne do que atualmente, temos que começar a investir na capacidade que nosso solo tem”, comenta Kroetz, que participou do 1º Show Tecnológico Rural, na 13 Exposição Agropecuária, Industrial e Comercial da Região de Cornélio Procópio, a Expocop.

O especialista ressalta ainda que os produtores devem ficar atentos ao aumento da produção de grãos, que de certa forma pode acabar “”marginalizando”” a pecuária no futuro. “”O custo da terra obriga os produtores a se tornarem mais eficientes. Hoje, está muito difícil ganhar dinheiro na pecuária, o capital investido deve obrigatoriamente retornar em forma de produção. Quem não se adequar a isso vai ter que abandonar o sistema””, avalia o ex-secretário.

Para agregar maior valor à produção nacional, Kroetz diz que é fundamental o País exportar. Atualmente, a carne brasileira chega a 153 países, mas 80% da produção brasileira é voltada para o mercado doméstico. “O maior comprador de carne bovina do Brasil é o Irã. Exportamos para países que não exigem muito do nosso produto. Em maio último, deixamos de ganhar US$ 350 milhões dos Estados Unidos porque utilizamos um antiparasitário fora dos padrões exigidos”, ressalta Inácio, que cita – além dos norte americanos – Canadá, Japão, Coreia, México e Turquia como bons mercados para se explorar. “Há também a China. Se cada chinês consumir um quilo a mais de carne bovina por ano, vai faltar carne no mundo. Por isso temos que otimizar nossa produtividade”.

Pensando nesses países, o Brasil tem que se preparar para cumprir diversas exigências de importação, que variam de acordo com cada nação. No geral, elas envolvem a sanidade e bem estar do animal, qualidade e segurança alimentar, restreabilidade (origem do animal) e procupações com o meio ambiente. “Os requisitos sanitários impostos por esses países ainda são pouco cumpridos pelo Brasil. Se conseguirmos ingressar nesses mercados, certamente nosso produto vai ser bem mais valorizado. Não podemos esquecer também que há muitos componentes comerciais envolvidos nesse tipo de negócio”, completa Kroetz.

Paraná

Na contramão da maior parte do Brasil, o Paraná, segundo Inácio Kroetz, é um extremamente eficiente na produção pecuária. “”O Paraná tem um pouco mais de 2% da terra agrícola do País e possui 25% da sua produção agropecuária. É realmente diferenciado””, avalia.