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Nutrição Animal

Ração segura

Acusada de utilizar hormônios em algumas composições, a indústria de alimentação animal quer mudar esta imagem negativa.

Ração segura

Acusada de utilizar hormônios em algumas composições e muitas vezes ameaçada por importadores de todos os tipos de carnes, a indústria fabricante de ração quer mudar a imagem negativa que alguns elos da sociedade civil têm sobre seus produtos. As empresas do segmento querem reunir em 2010 representantes do Ministério Público, Organizações não-governamentais (ONGs) e da imprensa não especializada para fornecer informações sobre produção, comercialização e consumo no Brasil.

Em jogo, um mercado que deve movimentar este ano R$ 16 bilhões na produção e comercialização de pouco mais de 60 milhões de toneladas. Hoje, o Brasil é o quarto maior produtor de rações do mundo, atrás de EUA, União Europeia e China, e deve expandir sua oferta na próxima década. A expectativa é de que em 2020 sejam produzidas 100 milhões de toneladas de ração, um incremento impulsionado especialmente pelo aumento da produção de carne de frango. Hoje, a avicultura consome 56% do que é produzido no País.

Um dos principais pontos que serão tratados nesses encontros será a diferença entre agentes melhoradores de desempenho e o uso de hormônios na composição das rações. No primeiro caso, esse tipo de aditivo aumenta o potencial de absorção dos alimentos pelos animais e melhoram a conversão da ração em carne, como as proteínas. Já os hormônios são produtos proibidos. Aplicados diretamente nos animais, costumam alterar o metabolismo para provocar resultados artificiais.

“A indústria de rações não usa hormônios por dois motivos: primeiro porque é proibido, e segundo porque é economicamente inviável. Para fazer uso, a aplicação precisa ser feita individualmente, e em uma granja com uma grande quantidade de aves, por exemplo, seria muito difícil”, afirma Ariovaldo Zanni, vice-presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações). “É esse tipo de assunto que pretendemos tratar e informar melhor a todos. Não temos motivos para nos esconder”.

Outro tema que também assombra as indústrias de rações são os transgênicos. Considerando que o segmento consome 70% da produção nacional de milho, sendo que mais da metade desta safra será de variedades geneticamente modificadas, pelo menos 4,6 milhões de toneladas de milho transgênico estarão nas composições das rações este ano. “Para a indústria, os transgênicos não são um problema, mas sempre aparece algum grupo questionando o uso da tecnologia”, afirma Zanni.

Segundo o executivo, a União Europeia não impõe mais nenhuma restrição ao frango alimentado com milho transgênico e a tecnologia é encarada pelas empresas como uma alternativa para melhoria da produtividade do milho, sem a expansão de novas áreas.

Além de aspectos relacionados à imagem do segmento, outra preocupação para 2010 envolve a oferta doméstica de milho e possíveis problemas na produção dos EUA. O último dado da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) aponta para uma safra de 50,4 milhões de toneladas no Brasil, 1,2% inferior ao ciclo anterior. No caso da safra americana, por enquanto a estimativa é de uma produção de 334 milhões de toneladas, aumento de 8%.