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Revolução logística

<p>Da mesma forma que a revolução industrial promoveu uma inevitável reordenação do sistema de produção de bens, há uma inexorável necessidade de redução dos custos de transporte.</p>

Redação (27/08/2008)- A necessidade de redução dos custos de transporte promoverá uma verdadeira revolução logística, para a qual aqueles que a conseguem perceber poderão se preparar e aproveitar o momento. Aliás, a revolução logística já começou. Por quê?

Um trilhão de dólares

A receita total dos países da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) – Irã, Iraque, Kuwait, Catar, Arábia Saudita, Emirados, Líbia, Argélia, Nigéria, Angola, Venezuela, Equador e Indonésia – deverá chegar ao nível recorde de US$ 1 trilhão este ano, aumento de 53% sobre o total registrado em 2007, que foi de US$ 598 bilhões.

Aumento dos custos

Entre as razões da elevação dos preços do petróleo está a bolha de aquecimento econômico provocada pela aceleração do crescimento dos países em desenvolvimento. Essa bolha gerou, além do aumento no consumo de energia, elevação do preço e da movimentação das commodities, com conseqüente valorização dos itens necessários ao seu comércio, como os custos logísticos.

Desequilíbrio

O fabuloso aumento na arrecadação dos países produtores de petróleo não corresponde à elevação da demanda, mas é mera elevação dos preços unitários do produto. Essa concentração financeira gera forte desequilíbrio. Os países consumidores e pouco ou nada produtores de petróleo passam a sofrer desequilíbrio em suas contas correntes, inflação e retração econômica. Mas o aumento dos preços do petróleo gera, principalmente, maior elevação dos custos de transporte marítimo, o que afeta todo o comércio internacional.

Recessão à vista

Somada à pressão alimentar, que leva alguns países produtores a restringir suas exportações, o aumento dos custos logísticos promove efeito contrário à globalização: ficará cada vez mais caro, por exemplo, o Brasil exportar cinco quilos de minério de ferro para a China e importar um faqueiro de aço inox. A volta a uma verticalização da produção pode provocar uma onda recessiva na economia mundial e tende a retrair o processo de globalização.

Re-equilíbrio

Para compensar esse desequilíbrio e seguir o modelo da globalização – algo que reproduz, hoje, o impacto que teve a revolução industrial, com a produção de bens passando da manufatura artesanal para industrial, algo impensável de se voltar atrás –, tudo indica que o caminho será a diminuição dos custos logísticos, não pela redução do preço do petróleo, mas pelo maior rendimento do sistema. Ou seja: navios maiores e mais econômicos, transporte terrestre mais eficiente e portos eficazes. A revolução logística, realmente, já começou.

Dormindo no ponto

Enquanto alguns países e setores percebem essa revolução logística, outros ainda não despertaram para a necessidade de se preparar para ela. O Brasil se concentrou em aumentar a produção de commodities, sem dar atenção a se preparar adequadamente para a necessidade de pesados investimentos públicos em infra-estrutura de transportes. Nos portos brasileiros, a falta de profundidade é motivo de vergonha.

Tempo perdido

Exportadores e importadores que utilizam o Porto de Santos esperam que o novo presidente da Codesp, José Roberto Serra, estabeleça uma real mudança de gestão da dragagem, para que os serviços aconteçam.

Puxando a brasa…

A movimentação ferroviária dentro do Porto de Santos foi terceirizada à Portofer, um pool entre as concessionárias ferroviárias que operam as linhas que acessam o Porto. Acontece que, como uma das participantes investe mais, ela administra os serviços e privilegia suas operações. Enquanto isso, outra concessionária cobra caro para terceiros usarem o seu acesso ao porto. Essa dupla “guerrinha” só faz encarecer o sistema ferroviário do maior porto do País. Falta gestão da Autoridade Portuária para fazer valer o interesse do Porto, que nesse caso é o do cliente.

Falta coordenação

Outra questão cuja solução depende de coordenação da Autoridade Portuária é quanto ao deslocamento, para a retaguarda da faixa portuária, da linha férrea entre a chamada Mortona e o Corredor de Exportação. Prevista nos contratos de arrendamento, mas sem cumprimento há anos, os arrendatários até se mostram dispostos a fazer a obra, mas precisam da batuta da Codesp, pois a mudança tem que ser feita em toda a extensão do trecho, o que envolve vários terminais.

Mudança estratégica

Nesta terça-feira (26), o Conselho de Autoridade Portuária (CAP) do Porto do Rio Grande (RS) delibera sobre mais uma alteração no Plano de Zoneamento das Áreas do Porto Organizado, transformando uma área destinada a contêineres em estaleiro. A alteração do zoneamento impedirá espaço para um novo terminal de contêineres naquele porto, evitando uma eventual concorrência ao Tecon local, ligado à Wilson & Sons.

Compasso de espera

Um dos maiores entraves para o crescimento do Porto de Natal é responsabilidade da Companhia Docas do Rio Grande do Norte (Codern): a relocação das famílias da comunidade do Maruim, em área pertencente ao porto. Mas a remoção depende de licitação dessas obras, o que só pode ser feito depois das eleições…

Atropelamento

Um trem da América Latina Logística (ALL) atropelou e matou uma mulher em Londrina, na noite do último domingo (24). A tragédia ocorreu no Parque Ouro Verde, zona norte da cidade.

Filho único

Apesar de todo o potencial dos portos da região, o curso de Gestão Portuária da Faculdade Metropolitana da Grande Recife é o único do tipo ofertado no Norte e Nordeste do Brasil. Leia aqui entrevista com o professor universitário e coordenador do curso, Fredy Carneiro.

Ferroeste até Paranaguá

A ferrovia Ferroeste, cujo contrato de concessão permite a construção de novos ramais, teve um projeto de pré-viabilidade de extensão aprovado pelo Ministério dos Transportes. Agora, um novo trecho poderá ligar Guarapuava, na região Centro-Sul do Paraná, até Paranaguá, que abriga um dos principais portos brasileiros.

Know-how

A Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) inaugura, a partir desta quarta-feira (27), a série “Encontros de Drawback”, com o objetivo de prestar esclarecimentos para empresários e operadores do comércio exterior sobre a utilização das diversas modalidades de drawback. A participação do público é gratuita e as inscrições podem ser feitas pelo e-mail [email protected].

Navios e portos

Novo serviço PortoGente, sobre movimentação de navios nos portos nacionais, reúne os links com informações de embarcações fundeadas e atracadas, além de manobras, constantes dos sites dos serviços de praticagem dos principais portos do País. Clique aqui para conhecer.