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Três décadas a serviço do agronegócio brasileiro

<p>Em entrevista, o Chefe-Geral da Embrapa Suínos e Aves, Elsio Antonio Pereira de Figueiredo, fala sobre o aniversário de 30 anos da unidade e sobre as metas e desafios da instituição para este e os próximos anos.</p>

Da Redação 02/06/2005 – A Embrapa Suínos e Aves comemora no dia 10 de junho, 30 anos de criação. Nesse dia, durante programação comemorativa, que deverá iniciar às 10h, apresenta aos convidados, um histórico da contribuição da Unidade e também prestará algumas homenagens, que nesse ano destacam José Adão Braun, com o título de Personalidade Destaque da Suinocultura Brasileira 2005, pela total dedicação à suinocultura do País, e Antônio Mário Penz Jr., professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com o título Personalidade Destaque da Avicultura Brasileira 2005, pela contribuição que tem prestado como professor, orientador e consultor de negócios na avicultura brasileira.

Nesta entrevista, Elsio Antonio Pereira de Figueiredo, Chefe-Geral da Embrapa Suínos e Aves, fala sobre a história e as contribuições da unidade para o desenvolvimento da avicultura e suinocultura brasileiras e sobre os as metas e desafios da entidade para este e os próximos anos. Confira!

A missão que determinou a criação desse centro de pesquisa está sendo cumprida? Ao completar 30 anos, quais são os novos desafios para a Embrapa Suínos e Aves?

Elsio Figueiredo – Sim, a missão da Embrapa Suínos e Aves tem sido ajustada às necessidades e cumprida ao longo de sua existência. Os novos desafios estão relacionados com as mudanças decorrentes da dinâmica e evolução dos negócios e da globalização das economias. Na época da criação da nossa Unidade, os problemas eram relacionados com a produção. Atualmente, os problemas que as respectivas cadeias enfrentam estão relacionados com o mercado e com as suas exigências. Temos de dar o suporte técnico e científico que o Brasil necessita nas negociações nacionais e internacionais de carne de frangos e de suínos e também na produção de ovos; além de dar suporte na agregação de valor aos produtos dos pequenos empreendimentos e gerar inovações para todos os elos das referidas cadeias.

Quais são as grandes metas da Embrapa Suínos e Aves para o biênio 2005/2007?

E.F – Contribuir para melhorar a competitividade das cadeias suinícola e avícola. Atuar com projetos que visem a melhoria dos sistemas de produção e a garantia da segurança dos alimentos. Atuar com projetos que visem a melhoria do meio ambiente via tratamento, valoração e distribuição de dejetos suínos e também, no apoio às políticas públicas ambientais. Disponibilizar diagnósticos rápidos e apoiar no controle de doenças que ameaçam os rebanhos suinícolas e avícolas. Por fim, contribuir para a organização dos produtores para transformá-los em profissionais, aumentando a renda e a sustentabilidade das suas atividades.

Quais são as prioridades nos negócios da Embrapa Suínos e Aves? A Embrapa Suínos e Aves lançará novos produtos neste ano? Até o momento quais foram as principais contribuições?

E.F – As prioridades nos negócios da Embrapa Suínos e Aves para 2005 estão mais relacionadas com a construção de novos projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação, conforme orientação do novo Plano Diretor. Da execução desses projetos deverão surgir produtos voltados às grandes metas enumeradas acima. É grande o nosso esforço por auxiliar no diagnóstico rápido e acessível para influenza aviária. Também é grande o esforço para contribuir na geração de informação de natureza econômica para permitir o melhor planejamento da suinocultura e da avicultura e reduzir o efeito das crises. A área de segurança dos alimentos carece de equipamentos e laboratórios de referência, o que tem nos colocado a tarefa de estabelecer uma rede de parcerias para preencher essa lacuna. Os projetos de produção e agregação de valor na agricultura familiar têm também consumido parte dos nossos esforços. A solução dos problemas relacionados aos resíduos da produção, especialmente de dejetos suínos tem também sido uma prioridade na nossa Unidade.

O lançamento de novos produtos ainda depende do andamento das pesquisas, mas mesmo com recursos financeiros escassos em 2005 houveram contribuições como a construção e uso de cisternas para minorar o problema da estiagem; tecnologias para tratamento e aproveitamento de dejetos suínos como biodigestão-biogás, controle e erradicação da Doença de Aujeszky no Estado de Santa Catarina, controle de salmonelose em suínos e em aves, agregação de valor a pequena propriedade pela produção processamento e comercialização de aves coloniais na agricultura familiar.

Na rede inovações a Embrapa Suínos e Aves mantém as seguintes tecnologias:
– Cepas puras de Eimerias e controle de coccidiose em frangos de corte;
– Linhagem comercial de poedeira de ovos castanhos Embrapa 031

– Linhagem comercial de frangos de corte colonial Embrapa 041
– Linhagem comercial de frangos de corte Embrapa 022
– Linhagem colonial de poedeira de ovos castanhos Embrapa 051
– Cerca elétrica como alternativa na contenção de galinhas em parques – Galinheiro móvel com estrutura metálica para criação de frangos e poedeiras em semiconfinamento.
– Cremador de animais
– Reprodutor suíno para cruzamento terminal Embrapa MS60
– Sistema de limpeza dos grãos de cereais e adequação dos resíduos da fábrica de rações
– Atepros administração técnica e econômica da propriedade suinícola.
– Medidor de espessura de toucinho em suínos
– Sistema de formulação de rações de custo mínimo para suínos Prosuino.

Embora tendo como finalidade principal a geração de pesquisa, desenvolvimento e inovação o papel atual da Embrapa Suínos e Aves vai além desse objetivo? Exemplifique, por favor.

E.F – Perfeito. É papel da Embrapa Suínos e Aves ser referência nos assuntos que influenciam a competitividade dos negócios suinícola e avícola como, por exemplo, na transferência de tecnologia com a capacitação e treinamento de pessoas, consultorias, suporte técnico-científico às políticas públicas de desenvolvimento, apoio as associações de classe (ABCS, UBA e suas respectivas afiliadas estaduais), agências de extensão, fomento e de desenvolvimento governamentais e não governamentais, prefeituras municipais e governos estaduais e segmentos organizados da sociedade que dependem das cadeias produtivas de suínos e aves. Também as Universidades e os institutos de pesquisa nacionais e internacionais com interesse no desenvolvimento conjunto de tecnologias para o setor.

A avicultura e a suinocultura brasileira estão entre as mais avançadas do mundo. Em termos de desenvolvimento de tecnologia, por onde será necessário à pesquisa avançar para contemplar as necessidades do agronegócio brasileiro?

E.F – Parte dessa pergunta já está respondida nas questões anteriores, mas é necessário dizer que o Brasil se projeta como um grande fornecedor de alimentos para o mundo, principalmente grãos e carnes, por ter ecologia e recursos naturais favoráveis para tal. Porém não é interessante ser um fornecedor de commodities e, atualmente, grande parte da nossa exportação é na forma de commodities com baixo valor agregado e, em contrapartida, importar insumos e equipamentos com altíssimo valor agregado. É notório hoje em dia o interesse dos países desenvolvidos para que o Brasil seja um produtor de commodities e importador de insumos e equipamentos. Se fizermos uma lista veremos que muitos produtos químicos, sementes, linhagens de animais, fertilizantes, máquinas e equipamentos têm origem ou registro de patente estrangeira e, portanto, são cotados em dólar ou paga-se royalties. Ainda que o valor dessas importações compense no saldo comercial, isso resulta numa dependência que necessita ser mudada e nossa indústria e nossos empresários necessitam inovar juntamente com a Embrapa e as instituições de ciência e tecnologia para vencer essa dependência e gerar mais empregos e renda para a sociedade brasileira.

Então, além das pesquisas na produção (dentro da porteira), processamento, agregação de valor e comercialização das carnes e ovos (após a porteira), é necessário investir em tecnologia nacional ou nacionalizada para os elos antes da porteira. Essa alteração de rumo torna necessário uma re-adequação de equipes.