Da Redação 03/04/2004 – 10h10 – Titto explica que o estresse detectado através do monitoramento da temperatura pode indicar desde como deve ser distribuída e dimensionada a sombra no local da criação, até a determinação de melhores horários de alimentação, ordenha, etc.
Na USP de Pirassununga, pesquisadores já conseguem monitorar a temperatura de animais à distância, via computador. O sistema, inédito no mundo, está em pleno funcionamento e vem sendo testado em dez vacas leiteiras da raça holandesa.
Por meio de chips e sensores colocados nos animais, um software recebe informações sobre a temperatura do animal. Esses dados podem ser usados para melhor se adequar o manejo, proporcionando mais conforto ao rebanho e aumento da produção. O equipamento deverá ser validado até o final de 2004, com previsão de disposição para escala industrial já em 2005.
O sensor de temperatura que é colocado na mucosa retal do animal mede 3 milímetros (mm) de comprimento por 2mm de largura e apenas 0,5mm de espessura. “O tamanha reduzido não implica em qualquer tipo de sofrimento para as vacas”, garante o pesquisador. O sensor é ligado a um chip, localizado no dorso do animal, por um fio pouco mais espesso que um fio de cabelo. “O chip transmite, via freqüência de rádio, todas as informações referentes à temperatura do animal para o software, que as processa e fornece os dados, em tempo real”, explica Titto.
Benefícios
O monitoramento da temperatura dos animais em seu estado natural, no dia-a-dia, trará benefícios principalmente às ações de manejo. Titto explica que o estresse detectado através do monitoramento da temperatura pode indicar desde como deve ser distribuída e dimensionada a sombra no local da criação, até a determinação de melhores horários de alimentação, ordenha, etc.
“Em um rebanho em manejo extensivo, por exemplo, com o chip instalado em apenas um animal é possível se fazer um diagnóstico de comportamento e de indicações de manejo”, garante o professor. “A avaliação do comportamento é fundamental para a produção, seja de gado leiteiro ou de corte”, avalia. O experimento deverá ser estendido a outras espécies, como suínos, bubalinos e aves.
Segundo o professor, experiências semelhantes de monitoramento de temperatura já foram tentadas em outros países. Porém, o equipamento brasileiro é o que, até o momento, apresentou os melhores resultados.
“Nos Estados Unidos foram realizados testes com outros tipos de sensores colocados na cavidade abdominal de animais. Contudo, os resultados não foram plenamente satisfatórios já que as informações não eram fiéis à realidade. Houve limitações técnicas que resultaram em grande margem de erro”, diz.