O Departamento de Biologia Marinha da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) colhe frutos de suas inovações em tecnologias sustentáveis voltadas à aquicultura. Um grupo de pesquisadores do Instituto de Biologia (IB) publicou, em setembro, o artigo intitulado Entendendo o papel de microrganismos na saúde e doença de organismos aquáticos da aquicultura, em colaboração com a Ocean University of China, uma das 100 maiores universidades da Ásia. O trabalho foi submetido à revista Marine Life Science & Technology, voltada a cientistas da área de biologia marinha.
A aquicultura, que abrange o cultivo de diversos organismos marinhos, como peixes, crustáceos e moluscos, já ultrapassou a pesca em importância no setor marinho. De acordo com Felipe Landucci, professor adjunto do IB e um dos autores do estudo, a aquicultura representa hoje 51% de toda a produção mundial de organismos aquáticos, com 130,9 milhões de toneladas.
O trabalho, que envolveu 16 cientistas de diferentes instituições, incluindo UFRJ, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e parceiros internacionais, buscou inovações no uso de microrganismos para combater doenças nos organismos aquáticos. “O confinamento expõe os animais a doenças que se espalham mais rapidamente no ambiente aquático. Utilizar microrganismos vivos, como probióticos, reduz a necessidade de antibióticos”, explicou Landucci.
Sustentabilidade e redução de perdas
A pesquisa destaca o uso de probióticos e vacinas como alternativas para reduzir a mortalidade dos peixes e minimizar a utilização de antibióticos. A qualidade da água, da ração e a genética também são fatores determinantes para a produção. Wagner Camis, dono do pesqueiro Recanto Sol Nascente, compartilhou que, com o uso dessas novas tecnologias, conseguiu reduzir a mortalidade em seu pesqueiro de 30% para apenas 5%.
Com a crise climática global, o setor precisa estar preparado para enfrentar mudanças ambientais. O artigo aponta estratégias como o uso de tecnologias de baixo carbono e o cultivo de algas como formas de mitigar os impactos das mudanças climáticas sobre a aquicultura.
No Brasil, o interesse pela aquicultura tem crescido, tanto no meio acadêmico quanto no setor produtivo. Segundo Landucci, o número de alunos interessados na área aumentou significativamente, assim como a competitividade no mercado, que passou do extrativismo para um setor altamente tecnológico e promissor.
Fonte: UFRJ