As associações dos Avicultores e de Suinocultores do Espírito Santo vêm tentando, há alguns anos, transformar o modal férreo numa opção de transporte de insumos para os setores, no entanto, o processo não alcança viabilidade, sobretudo pelos altos custos.
Em 2023, ocorreu uma nova movimentação para que avicultores e suinocultores passassem a trabalhar com o modal como forma complementar para transporte de milho e farelo de soja, especialmente. Porém, foi apresentada uma proposta em que a operação pela ferrovia onerava em cerca de 30% os custos, em comparação com o frete rodoviário.
No último dia 1 de outubro, foi realizada audiência pública para tratar da prorrogação do contrato de concessão da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) e a AVES e ASES participaram do encontro levando os números acerca da produção e a importância do modal férreo no transporte dos insumos, o que ajudaria inclusive no crescimento dos setores.
De acordo com o diretor executivo AVES-ASES, Nélio Hand, a preocupação do grupo de entidades que vem acompanhando o assunto, em relação à proposta atual do contrato está relacionada ao volume e ao tempo que levará para serem realizados os investimentos, especialmente em estrutura necessária para otimizar o sistema seguindo uma realidade prática, inclusive de investir onde é necessário de fato, e o mais rápido possível.
“Tornar o formato de concessão mais efetivo é um dos meios que entendemos que podem viabilizar maiores volumes, propiciando menores custos, levando-se em conta que o que é transportado hoje está bem abaixo da capacidade, pelo que se tem de informação”, destacou.
ENTENDA MELHOR
O Governo Federal, através do Ministério dos Transportes e da Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT vem tratando da prorrogação do contrato de concessão da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), que é considerada a maior malha ferroviária em extensão e alcance do Brasil, com 7.856,8 km de extensão, e é controlada pela VLI Logística desde 1996.
O contrato está previsto para terminar em 2026, mas a negociação prevê a extensão da vigência por mais 30 anos, com investimentos de quase R$ 24 bilhões para modernização da linha férrea e aquisição de vagões e locomotivas, o que aumentará em 60% , segundo a VLI Logística, o volume de cargas transportadas pelos seus trilhos só no Espírito Santo.
A previsão é de que o Estado terá um grande incremento da movimentação ferroviária de cargas e aumento nos fluxos de milho, soja, farelo de soja, açúcar, derivados do petróleo, produtos siderúrgicos e cimento, e também o aumento do fluxo de retorno de fertilizantes sobre trilhos a partir do Espírito Santo.
PROPOSTAS
A proposta de renovação antecipada da FCA foi aprovada pela ANTT e está sendo levada a audiências públicas para a oitiva das partes interessadas, ressaltando o caráter transparente do processo. Uma dessas audiências aconteceu na última terça-feira, 15/09, no auditório da FINDES, em Vitória.
O Governo do Espírito Santo e entidades ligadas ao setor produtivo capixaba estão elaborando um documento que será entregue à agência reguladora constando, entre as propostas: construção da variante da Serra do Tigre, em Minas Gerais, solicitará investimentos como a ligação ferroviária entre Unaí (MG) e Pirapora (MG), proporá mais terminais intermodais de captação cargas ao longo da ferrovia e a ampliação da capacidade do ramal de Piraqueaçu (entre João Neiva e Barra do Riacho, já na Ferrovia Vitória-Minas). O objetivo é fortalecer o Corredor Centro-Leste como alternativa para escoar as mercadorias principalmente do Triângulo Mineiro e do Noroeste de Minas.