A produção animal está atravessando uma revolução tecnológica sem precedentes, impulsionada pelo crescimento da população mundial e a crescente demanda por proteínas animais, especialmente carnes de frango, suínos, ovos e em algumas regiões, peixes.
Segundo dados da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e da FAO, a produção global de carne de frango deve crescer cerca de 16% até 2031, enquanto o consumo de carne suína permanece elevado, especialmente em mercados asiáticos.
Diante deste cenário, produtores e indústrias enfrentam desafios para atender às expectativas de consumidores cada vez mais exigentes em relação à transparência das operações, buscando mais qualidade, sustentabilidade e segurança alimentar.
Tecnologias de ponta, como a inteligência artificial (IA), Internet das Coisas (IoT) e automação avançada, transitando entre controladores, sensores e equipamentos inteligentes, estão liderando essa transformação, trazendo benefícios ao longo de toda a cadeia de produção.
A demanda global por proteínas e o papel das tecnologias.
De acordo com dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), a carne de frango, deve consolidar-se como a principal proteína animal consumida no mundo até 2030. O setor de suínos segue logo atrás, impulsionado principalmente por mercados emergentes, como Ásia e América Latina. Além disso, os ovos e outras fontes de proteína, como peixes e alternativas vegetais, vêm ganhando espaço, refletindo uma diversificação nos hábitos alimentares.
Essa demanda crescente exige um nível de eficiência produtiva e sustentabilidade mais apurado na produção animal. E é neste cenário que a tecnologia assume um papel vital. Hoje, já temos sistemas inteligentes de gestão otimizando operações em granjas, monitorando dados em tempo real e automatizando processos críticos, como alimentação, controle de ambiência e rastreabilidade. Mas isso é só o começo…
Inteligência Artificial e Automação: Uma verdadeira revolução no campo
A inteligência artificial é uma das maiores protagonistas dessa transformação. Na produção de suínos e aves, a IA é usada para analisar comportamentos dos animais, prever problemas de saúde e otimizar o manejo sanitário, além de contribuir com análises preditivas mais assertivas.
Câmeras conectadas alimentam algoritmos avançados, monitorando o comportamento e detectando padrões anormais, como mudanças na ingestão de ração e água. Essa análise possibilita intervenções rápidas, prevenindo problemas antes que se tornem críticos. Além disso, câmeras térmicas estão sendo utilizadas para identificar sinais de estresse térmico e febre, contribuindo diretamente para o bem-estar animal, no caso dos suínos.
O uso de IoT e automação também permite que produtores monitorem fatores ambientais como temperatura, umidade, níveis de amônia entre outras variáveis dentro das instalações. Assim, é possível ajustar automaticamente os sistemas de ventilação, climatização e fornecimento de nutrientes. Isso proporciona bem-estar animal, reduz custos operacionais e melhora a conversão alimentar.
Como aponta um estudo do World Economic Forum, tecnologias digitais podem aumentar a produtividade agrícola em até 70%, reduzindo impactos ambientais e trazendo mais qualidade de vida para todos os agentes da cadeia produtiva.
De acordo com o Relatório de Perspectivas Agrícolas da FAO, a integração de tecnologias na produção pode reduzir perdas de produtividade em até 15%, aumentando significativamente a rentabilidade do setor.
Além disso, a automação de tarefas, como alimentação e controle ambiental, permite que produtores foquem em decisões estratégicas, enquanto sistemas otimizam o manejo diário.
Impacto ao longo da cadeia de produção
A adoção de tecnologias de ponta beneficia todos os elos da cadeia produtiva, desde os produtores até o consumidor final, passando pelas prestadoras de serviços, indústrias e cooperativas.
• Para os produtores: A gestão automatizada reduz o trabalho manual, melhora a eficiência e promove maior sustentabilidade. Além disso, a digitalização facilita a rastreabilidade, permitindo controlar todo o ciclo de produção, desde o nascimento dos animais e a origem dos insumos até o abate.
• Para os consumidores: A rastreabilidade, aliada a padrões de bem-estar animal, garante maior transparência e segurança alimentar. O acesso a produtos de alta qualidade com menor impacto ambiental está alinhado às demandas do mercado e expectativas dos consumidores.
•Para as indústrias e cooperativas: Tecnologias como blockchain melhoram a rastreabilidade e otimizam as operações logísticas, enquanto o uso de IA na previsão de demandas garante uma produção mais alinhada às necessidades do mercado, reduzindo significativamente desperdícios.
O papel das empresas do setor
Algumas empresas globais estão liderando a adoção de tecnologias no setor de produção animal. Entre as soluções, destacam-se: sistemas de controle de ambiência, que combinam sensores avançados e automação e aplicações de IA, machine learning, APPs e APIs integradas para gestão remota. Algumas dessas tecnologias incluem o uso de plataformas conectadas que integram dados de sensores de variáveis ambientais e câmeras para otimizar o desempenho dos animais.
No Brasil, grandes players têm investido na modernização de suas operações, utilizando sensores e IA para melhorar a eficiência em suas unidades de produção e processamento. Um exemplo prático é o uso de IoT para monitoramento remoto, permitindo que produtores ajustem condições ambientais em tempo real, mesmo a quilômetros de distância. Esses sistemas, além de otimizar o manejo, garantem um ambiente mais seguro e sustentável para os animais.
Tendências para o futuro da produção animal
Entre as tendências mais promissoras estão:
1. IA e algoritmos preditivos: Tecnologias que identificam padrões e antecipam problemas de saúde animal, otimizando os recursos disponíveis.
2. Blockchain e rastreabilidade: Garantia de segurança alimentar e transparência, do campo à mesa do consumidor.
3. Automação avançada: Equipamentos inteligentes que realizam tarefas como alimentação, limpeza e controle de ambiência com precisão e eficiência.
4. Economia circular: Uso de resíduos de granjas para geração de energia limpa, reduzindo o impacto ambiental.
Conclusão
A incorporação de tecnologias avançadas e inteligência artificial na produção animal não é mais uma tendência, mas uma necessidade para atender às exigências de um mercado em constante transformação e crescimento.
Produtores, indústrias e consumidores estão “colhendo os frutos” dessa revolução tecnológica, que promete tornar a produção animal mais eficiente, sustentável e alinhada às demandas globais por qualidade e bem-estar.
Fontes:
Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO): Relatório “Perspectivas Agrícolas da OCDE-FAO 2024-2033”: openknowledge.fao.org
World Economic Forum: Em artigo publicado em 2024: Open Knowledge
FAO: A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO): Fórum Econômico Mundial