O ano de 2025 marca uma mudança importante no ciclo da pecuária de corte no Brasil, com a redução da oferta de bovinos para abate, o que pressiona os custos da arroba e comprime as margens dos frigoríficos. Os grandes frigoríficos devem recorrer à exportação e à diversificação de proteínas como estratégias para mitigar o impacto, enquanto os pequenos e médios enfrentam maiores dificuldades, especialmente por dependerem do mercado interno.
A arroba bovina acumulou valorização de 23,32% em 2024, segundo o Cepea, e a tendência é de novos aumentos no próximo ano, refletindo a restrição na oferta de animais. Esse cenário impactará diretamente os frigoríficos menores, responsáveis por cerca de 60% da carne destinada ao consumo interno, conforme estimativas da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo). Sem acesso aos mercados internacionais e à valorização do dólar, muitos deles têm pouca margem de manobra para lidar com os custos crescentes.
Exportações e desafios globais
Apesar da queda na participação chinesa nas exportações brasileiras — de 48,4% para 41,1% entre 2023 e 2024 —, o país asiático segue como o principal destino da carne bovina nacional, devido à alta demanda por proteínas. Os Estados Unidos assumiram a segunda posição no ranking de clientes, mas as incertezas quanto às políticas comerciais do governo de Donald Trump, que reassume em janeiro, trazem preocupações para o setor.
A valorização do dólar, porém, continua a favorecer frigoríficos que exportam, como aponta Gustavo Troyano, analista do Itaú BBA. Ele destaca que as exportações têm historicamente maior rentabilidade que o mercado interno, especialmente em períodos de dólar elevado.
Impactos no mercado interno
No Brasil, o aumento no preço da carne bovina já tem refletido no varejo, com alta acumulada de 9,63% nos últimos 12 meses até novembro de 2024, segundo dados do IPC-M da FGV Ibre. A tendência é de novos repasses ao consumidor, o que pode levar à migração para proteínas alternativas, como frango e carne suína, beneficiando empresas desses setores.
Os preços da arroba, projetados para não ficarem abaixo de R$ 300 em 2025, desafiarão o equilíbrio entre o custo dos frigoríficos e os limites do consumidor. “O mercado interno dita os preços e não suporta valores abusivos”, alerta Oswaldo Ribeiro Júnior, presidente da Acrimat.
Perspectivas para 2025 e além
Especialistas como João Figueiredo, da Datagro Pecuária, indicam que o movimento de alta da arroba é natural em um ciclo de valorização, mesmo com eventuais correções de curto prazo. Para o setor, a busca por eficiência e diversificação será essencial, especialmente para os pequenos frigoríficos que abastecem o mercado doméstico.
Com um cenário desafiador, o setor pecuário precisará equilibrar custos e demandas internas e externas para sustentar sua competitividade em 2025.
Referência: Valor Econômico