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Rastreabilidade suína: o próximo desafio

É cada vez mais freqüente que os grandes frigoríficos exijam que os suínos sejam produzidos em processos definidos e controlados, para assegurar a sua qualidade.

Redação SI 18/11/2002 – A segurança alimentar e a imagem da marca são as duas forças atrás do interesse na rastreabilidade da carne suína. Um sistema de rastreabilidade contém elementos de identificação de animais e localidade, um banco de dados central e um processo de verificação. Rastrear produtos à base de carne suína envolve alguns desafios únicos. Primeiro, o suíno é “formado” em múltiplas granjas, que utilizam insumos tais como genéticas, rações e vacinas oriundas de múltiplas fontes. Então, no abate, a carcaça é espostejada e as diferentes partes enviadas a múltiplos varejistas em peças inteiras, ou em produtos misturados.

O interesse de um governo na rastreabilidade provém, tipicamente, do desejo de assegurar que a indústria animal de seu país seja protegida de efeitos devastadores de doenças tais como Febre Aftosa, ou de tranqüilizar os clientes de mercados internos e externos de que o alimento é seguro para a compra e consumo e que foi produzido em sistemas que atendem ao bem-estar animal.

Uma empresa comercial, por seu lado, está interessada na rastreabilidade por outras razões. Primeiro, pelo desejo de controlar e assegurar a qualidade e o valor dos seus produtos. Um sistema de rastreabilidade dá a uma empresa a confiança de divulgar informações sobre a origem dos seus produtos. Segundo, um sistema de rastreabilidade ajuda uma empresa a se proteger em casos de reclamações quanto à qualidade do produto: ela pode, rapidamente, verificar de onde veio o produto e corrigir o problema.

É cada vez mais freqüente que os grandes frigoríficos exijam que os suínos sejam produzidos em processos definidos e controlados, validado por auditoria terceirizada. As exigências podem incluir, por exemplo, um sistema definido de produção (ex..: fêmeas fora de gaiolas), um sistema definido de alimentação (ex.: ração isenta de farinha de carne e osso), ou genética definida (ex.: uso de machos Duroc). Estas definições habilitam o frigorífico a elaborar programas de marketing que agreguem valor à carne suína.

Dúvidas – As perguntas que os sistemas de rastreabilidade objetivam responder são geralmente do tipo “Quem é você?” e “De onde você vem?” Tais sistemas incluem: um método para identificação individual ou grupo de animais; um método para identificação de sítios de produção; uma espécie de passaporte que acompanha o animal ou grupo; e um banco de dados que registra identidades, locações, eventos e datas.

Entretanto, para que um sistema de rastreabilidade permaneça confiável, deve também estar amparado por sistemas de verificação designados para responder às perguntas “Você é quem diz ser?” e “Você vem de onde diz vir?”. Não há, ainda, padrões estabelecidos ou definidos, nacional ou internacionalmente. Há vários sistemas competitivos, porém, nenhum deles oferece uma solução completa.
Passaportes, brincos, tatuagens, transponders, medidas biométricas e códigos de barras são todas tecnologias que objetivam permitir que a movimentação de um animal e dos seus produtos seja rastreada durante o seu percurso na cadeia da carne suína. Os sistemas que requerem análises laboratoriais, no entanto, podem ser usados como um sistema de verificação. Eles servem para checar se o sistema de rastreabilidade está funcionando ou se as garantias de qualidade são verdadeiras.

Embora sistemas de rastreabilidade já estejam operando na indústria de carne bovina, ainda permanece incerto qual será a tecnologia ou sistema de rastreabilidade para suínos. Cuidados devem ser tomados na montagem de um sistema, não apenas para manter custos baixos, mas também para proporcionar as respostas que a indústria deseja. Por exemplo, com suínos, pode não ser necessário conhecer identidades individuais, já que grupos de suínos podem ser identificados. Entidades governamentais continuarão tentando introduzir esquemas de rastreabilidade voltados às questões associadas com a biosegurança do país, segurança alimentar e o bem-estar animal. Empresas privadas estarão mais preocupadas com os sistemas de rastreabilidade que agregam valor aos seus produtos ou que os protejam em caso de questões relacionadas à qualidade do produto.

Tecnologias disponíveis continuarão sendo desenvolvidas e os seus custos continuarão a cair. O custo da produção de carne suína está diminuindo em proporção ao valor total de produtos vendidos – em forma crescente, mais valor está sendo agregado à carne suína a partir do momento em que o animal sai da granja. Fortes marcas comerciais estão sendo cada vez mais aplicadas a estes novos produtos. Uma imagem de marca, ou até empresas inteiras, podem ser destruídas por um só simples “recall” de produto ou a descoberta pelos consumidores que as afirmações de marketing no rótulo da embalagem não correspondem com a verdade. A utilização de DNA como sistema de verificação de qualquer sistema de rastreabilidade oferece um mecanismo único de controle de qualidade para sustentar uma forte imagem de marca.

*Artigo apresentado por Guy Prall no Seminário Internacional sobre Produção, Mercado e Qualidade da Carne de Suínos, em maio de 2002 Florianópolis SC.