Redação AI 04/11/2003 – 05h40 – Amostra de duas marcas de frango congelado – Nhô Bento, produzido em Veríssimo, no Triângulo Mineiro, e Bom Gosto, de abatedouro de Nova Veneza – apresentaram porcentual de água acima do limite de 6% permitido pelo Ministério da Agricultura. Outras duas (Super Frango e Copacol) serão submetidas a novos testes, enquanto Sadia e Só Frango estavam dentro das especificações de hidratação. Esse é o primeiro balanço da Operação Frango DÁgua, deflagrada pela Superintendência de Proteção aos Direitos do Consumidor (Procon-GO) no dia 20 de outubro.
Foram divulgados ontem os resultados dos exames periciais das amostras de seis marcas de frango congelado recolhidas por fiscais do Procon-GO em supermercados de Goiânia e realizados por técnicos da Delegacia Regional de Goiás do Ministério da Agricultura. Segundo o órgão, o frango congelado Nhô Bento apresentou índice de 8,5%, e o Bom Gosto, de 10%, ficando ambos superiores ao limite fixado em resolução e portaria do Ministério. As amostras foram submetidas a teste de gotejamento, que verifica a quantidade de água absorvida em carcaças de aves congeladas.
Multas
De acordo com o superintendente do Procon, Antônio Carlos de Lima, os abatedouros serão notificados e terão dez dias para apresentarem a defesa. Eles estão sujeitos a multas que variam de R$ 213,00 a R$ 3 milhões. As empresas podem ainda ser processadas por crime contra as relações de consumo, que prevê pena de dois a cinco anos de prisão.
“Queremos inibir essa fraude contra o consumidor, por isso desencadeamos a Operação Frango DÁgua”, diz Antônio Carlos. Segundo ele, antes da fiscalização do Procon, o quilo do frango congelado custava em torno de R$ 2,55. Agora subiu para R$ 3,55, fato que por si só confirma a suspeita de que retiraram o excesso de água do produto. O próximo alvo do Procon-GO será o frango resfriado. O órgão recebeu denúncias de que na linha de produção dos abatedouros é utilizado equipamento que insere diretamente na carne das aves um tipo de proteína láctea que hidrata o frango em até 15%.
Antônio Carlos de Lima pretende contratar os serviços do Centro de Pesquisa de Alimentos da Faculdade de Veterinária da Universidade Federal de Goiás (UFG) para detectar a fraude. “Além do desrespeito ao consumidor, trata-se de um problema de saúde pública, pois existem pessoas que são alérgicas a derivados do leite e podem estar consumindo lactose no frango”, afirma.