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Venda de embutidos pode crescer, dizem frigoríficos

Mesmo com um consumo mais brando, fabricantes brasileiros de embutidos e enlatados de carnes projetam crescimento de vendas em 2003.

Da Redação 02/07/2003 – Mesmo com um consumo mais brando, fabricantes brasileiros de embutidos e enlatados de carnes projetam crescimento de vendas em 2003. Mantêm os investimentos para ampliar a capacidade de produção e reestruturar marcas para atender melhor a demanda e entrar em nichos de mercados, além de acompanhar as tendências do consumo.

Depois de mais de 70 anos instalado no bairro do Ipiranga, em São Paulo, o Frigorífico Ceratti S.A. vai transferir suas operações para uma nova unidade em Vinhedo, a menos de 100 quilômetros da capital. “Ficou pequeno”, diz o diretor Mario Ceratti Benedetti sobre o espaço da atual fábrica, cuja capacidade de 35 toneladas ao dia está sendo totalmente utilizada. Nas instalações do interior, a produção da Ceratti poderá chegar até 50 toneladas diárias.

A empresa, que fabrica mortadelas, lingüiças frescas e curadas, apresuntados, rosbife e outros embutidos, investiu R$ 11 milhões no empreendimento, que deve ser finalizado em agosto próximo. Do montante, R$ 7 milhões foram originados da Ceratti e o restante de financiamentos, por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Somente em uma linha de fatiamento importada da Itália foram investidos R$ 1 milhão.

Os recursos absorvidos foram voltados especificamente para as máquinas e equipamentos, pois o prédio foi levantado sob o conceito “build to suit” (construído sob medida), por uma empresa especializada. “Temos um contrato de aluguel por 10 anos”, conta o diretor. O início das atividades estão previstas para outubro, segundo Benedetti. A previsão é de a empresa faturar R$ 45 milhões, em 2003, 16,1% mais que no ano passado.

Instalada na mesma região paulista da futura unidade da Ceratti, a Brasaliment Ind. e Com. Ltda., de Louveira, espera crescer 6% em vendas neste ano. “Estamos voltados para a consolidação do mercado”, diz o diretor, Peter Hfeli, que não revela o faturamento.

Como grandes companhias do setor de carnes, a Brasaliment, que comercializa a marca Berna, está entrando no segmento de massas. A idéia é fornecer produtos que acompanham os tradicionais embutidos, como salsichas, lingüiças e salames. “Começamos com a mostarda, evoluímos para o chucrutes e agora para as massas”, explica Hfeli.

A BF Produtos Alimentícios Ltda., que reúne as marcas Swift, Bordon, Sola e Anglo, projeta para 2003 um crescimento em vendas de 15%. Fruto de uma parceria realizada em 2001 entre os frigoríficos Bertin e Friboi, a BF espera faturar R$ 750 milhões até o final do ano, segundo o diretor, Zanone Campos.

Apesar da retração da atividade econômica, com queda na produção industrial e redução no poder aquisitivo do brasileiro, Campos acredita na retomada do consumo para o segundo semestre do ano. Além disso, a BF está diminuindo o mix das marcas, com o objetivo de direcionar melhor os seus produtos, que atendem especialmente as classes C, D e E. Foram reduzidas as linhas Swift, de 57 itens para 22, Anglo, de 62 para 12, e Sola, de 12 para 6.

Outras estratégias da BF são o desenvolvimento de produtos de conveniência e a venda de feijoada e estrogonofe em embalagens com custos menores que os das latas, que hoje representam 50% do valor da mercadoria. “No Nordeste queremos melhorar a distribuição”, conta Campos. Na região, é expressivo o consumo de embutidos da BF que se conservam por mais tempo sem refrigeração. “Só com mortadelas de 1 quilo vendemos R$ 3 milhões por mês”, diz.

O desempenho da BF, no entanto, é calcado principalmente nas exportações, que respondem mais de 60% do faturamento da empresa. Um terço das 1,5 milhão de caixas produzidas pela empresa é exportada.

Apesar de as exportações não estarem nos planos da Ceratti, desde 2001 é possível encontrar a marca brasileira no Japão. É resultado de uma parceria com uma empresa local, que adquiriu o “know how” e licenciou o uso da marca, depois de identificar um nicho de brasileiros com saudades dos embutidos nacionais. A Ceratti também fornece ingredientes e as receitas dos produtos ao Japão.

kicker: Empresas decidem investir em marcas e em novos produtos para ganhar mais mercado