O setor avícola do Rio Grande do Sul solicitou ao Ministério da Agricultura a revisão dos bloqueios comerciais impostos às exportações de todo o estado em função do caso de doença de Newcastle identificado recentemente. A Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav) argumenta que as restrições devem ser limitadas ao raio de 10 quilômetros ao redor da granja em Anta Gorda, onde o surto foi confirmado, em vez de se aplicar a todo o estado.
Atualmente, a restrição de 50 quilômetros ao foco da doença já é adotada por alguns países, como Japão, Coreia do Sul e Israel. Para outros destinos, no entanto, as exportações de toda a avicultura do Rio Grande do Sul estão suspensas. José Eduardo dos Santos, presidente da Asgav, destacou que, conforme os critérios técnicos e protocolos, não foram encontrados outros casos positivos, e a revisão dos embargos é crucial para permitir a continuidade das exportações.
O Rio Grande do Sul é o terceiro maior produtor e exportador de carne de frango do Brasil, com uma produção de 1,8 milhão de toneladas em 2023, das quais 739 mil toneladas foram exportadas, gerando um faturamento de US$ 1,45 bilhão. A suspensão das exportações pode levar a uma redução de 15% nas vendas do estado, acentuada pela ausência da China, principal importadora.
A nota emitida pela Organização Avícola do Rio Grande do Sul (OARS), que inclui a Asgav e o Sindicato da Indústria de Produtos Avícolas no Estado (Sipargs), também solicita que a Secretaria de Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) do estado colabore com o Ministério da Agricultura e com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) para retomar as exportações.
A Seapi informou que o Serviço Veterinário Oficial do Estado já inspecionou 520 das 858 propriedades no raio de 10 quilômetros ao redor do local onde a doença foi identificada, incluindo granjas comerciais e criações de subsistência. As barreiras sanitárias permanecem ativas em quatro pontos no raio de 3 quilômetros e dois locais no raio de 10 quilômetros. Até o momento, foram abordados 475 veículos na área perifocal e 219 na área de vigilância.
Francisco Lopes, diretor adjunto do Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal da Seapi, indicou que as reduções das barreiras estão sendo discutidas com base na movimentação e avaliação de risco. Todas as propriedades devem ser visitadas até o final da semana, e não há suspeitas adicionais de focos da doença. As investigações realizadas até agora resultaram em análises laboratoriais negativas. Uma nova amostra, referente a uma suspeita de síndrome respiratória e nervosa das aves, foi enviada para o Laboratório Federal de Defesa Agropecuária de Campinas (SP).