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Comentário Avícola

Desafios respiratórios na avicultura durante o inverno

Por Eva Hunka, Med. Veterinária, MSc em Medicina Veterinária Preventiva

Desafios respiratórios na avicultura durante o inverno

Com a chegada do inverno no hemisfério sul, temos que nos preocupar com os problemas respiratórios, que se tornam mais frequentes e mais graves. Estes problemas não ocorrem apenas no inverno, visto que possuem causas multifatoriais, incluindo as infecciosas, porém a fisiologia das aves, é bem diferente dos mamíferos, especialmente no caso do aparelho respiratório, o que favorece o aparecimento de sintomas nesta época do ano.

As aves não possuem diafragma, e com isso não possui divisão entre a cavidade torácica e abdominal. Elas possuem uma cavidade única, chamada de cavidade celomática e ter órgãos tão importantes dividindo a mesma cavidade, é um fator crítico quando falamos de infecções. Todo e qualquer problema primário, fica muito mais susceptível a contaminações bacterianas secundárias. Muitas vezes infecções que ficariam restritas ao trato reprodutivo, por exemplo, podem representar um quadro de contaminação com consequências respiratórias.

Os sacos aéreos são estruturas importantes e bem peculiares na fisiologia do sistema respiratório das aves. Apesar de não terem importância na troca gasosa, eles atuam como um “diafragma”, movimentando o ar unidirecionalmente e permitindo que o ar passe através dos pulmões, que, nas aves, são rígidos e pequenos. Estes sacos aéreos fazem contato com diversos órgãos, e uma contaminação dessas estruturas, pode facilmente se transformar em um quadro de septicemia.

As aves usam o sistema respiratório como um regulador térmico e durante os meses de inverno, devido às mudanças de temperatura e umidade mais intensas, as falhas no manejo dos galpões ocorrem com maior frequência. Estas variações no ritmo respiratório, que são involuntárias, sobrecarregam o sistema respiratório que fica muito mais susceptível a agentes causadores de doenças respiratórias, de origem infecciosa ou não.

Os sacos aéreos, são pobremente vascularizados, e não possuem nenhum mecanismo de limpeza, diferente da traqueia, que tem o epitélio ciliado que ajuda a eliminar esses agentes, por isso infecções que atingem estas estruturas, precisam de tratamentos eficientes,uma vez que estas infecções podem facilmente se espalhar para outros órgãos e causar prejuízos importantes, principalmente devido a mortalidade e alta taxa de condenação nos abatedouros.

As aves possuem um sistema respiratório muito eficiente, e em muitos casos, quando observamos sinais clínicos, já temos uma doença estabelecida, frequentemente com mais de um agente/fator envolvido. Muitos quadros respiratórios se manifestam devido a intercorrência de outros problemas, dentre eles as doenças imunossupressoras que podem ocorrer de forma subclínica, o que dificulta o diagnóstico delas.

A respiração da ave tem as funções de realizar trocas gasosas, regular a temperatura corporal, eliminar toxinas do metabolismo, destruir os coágulos sanguíneos, produzir mensageiros químicos, além da vocalização. Muitas aves sem sintomas respiratórios aparentes, podem apresentar problemas na calcificação da casca do ovo, diarreia, lesões renais etc., diminuindo eficiência produtiva tanto em frangos de corte quanto em aves de ciclo
longo.

Os agentes infecciosos respiratórios costumam ter uma disseminação muito rápida na granja, principalmente quando encontram as condições favoráveis que o inverno traz. Porém, independente da época do ano, devemos manter a vigilância, e ficar atentos para desvios e não conformidades nas monitorias de rotina, que servem como um sinal de alerta.

O início dos problemas pode surgir de forma silenciosa, mas o sistema imunológico das aves, se prepara para estes desafios. Diferenças sutis nas sorologias, ou achados de necrópsia, aparentemente não relevantes, podem ajudar em uma tomada de decisão precoce para que o problema não se agrave nos lotes subsequentes.