A suspensão temporária das exportações de carne de aves do Brasil para alguns mercados, como China e União Europeia, devido a um caso de doença de Newcastle em Anta Gorda (RS), deve impactar de 5% a 7% da produção nacional, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). O Brasil é o maior exportador mundial de carne de frango e embarca cerca de 430 mil toneladas por mês. Com a suspensão, estima-se que entre 50 mil e 60 mil toneladas precisarão ser redirecionadas para o mercado interno ou para outros importadores.
O impacto financeiro ainda não pode ser estimado com precisão, pois depende dos preços praticados e da capacidade do mercado interno e de outros compradores absorverem essas cargas. A ABPA destaca que, apesar das restrições, não se espera uma queda abrupta nos preços da carne no mercado interno devido ao possível remanejamento das exportações.
Alguns importadores, como os Emirados Árabes Unidos, estão restringindo a importação apenas de carne proveniente de áreas específicas, o que pode afetar cerca de 15% das exportações do Rio Grande do Sul. A China, por exemplo, compra aproximadamente 80% dos pés e patas de frango exportados pelo Brasil.
Em relação às ações sanitárias, a doença de Newcastle foi identificada em aves que já haviam passado por um processo de hipetermia devido a condições climáticas e danos na estrutura das granjas. A doença não é transmitida pela carne e é menos agressiva comparada à influenza aviária. As aves afetadas foram sacrificadas e a limpeza da granja está em andamento.
A ABPA também recorda que, na última ocorrência de Newcastle em 2006, foram criados corredores sanitários para facilitar o transporte da produção gaúcha para outros estados, e medidas semelhantes podem ser adotadas agora. Outros estados não afetados podem assumir a demanda internacional em substituição ao Rio Grande do Sul.
Essas ações visam minimizar os impactos econômicos da suspensão das exportações e garantir a continuidade do abastecimento interno e externo.