Uma vacina experimental de mRNA contra a influenza aviária H5N1 mostrou alta eficácia na prevenção de doenças graves e morte em animais de laboratório, segundo pesquisadores. Esta vacina pode ajudar a combater os surtos de influenza aviária H5N1, que estão se espalhando entre aves selvagens, aves domésticas e vacas nos Estados Unidos.
Controlar esses surtos é crucial para impedir que a influenza H5N1 chegue aos seres humanos, afirmam os cientistas. A vacina foi desenvolvida utilizando as mesmas técnicas que produziram as vacinas contra a COVID-19.
“A tecnologia de mRNA nos permite ser muito mais ágeis no desenvolvimento de vacinas; podemos começar a criar uma vacina de mRNA poucas horas após o sequenciamento de uma nova cepa viral com potencial pandêmico”, disse o pesquisador sênior Scott Hensley, professor de microbiologia na Escola de Medicina Perelman da Universidade da Pensilvânia, na Filadélfia.
“Durante pandemias de gripe anteriores, como a de H1N1 em 2009, as vacinas eram difíceis de fabricar e só estavam disponíveis depois que as ondas pandêmicas iniciais já haviam diminuído”, acrescentou Hensley em um comunicado de imprensa da universidade.
A maioria das vacinas contra a gripe é desenvolvida com ovos de galinha fertilizados, nos quais são injetadas cepas do vírus da gripe para reprodução. Posteriormente, o vírus é inativado para uso em vacinas. Contudo, o processo de adaptação e replicação do vírus em ovos fertilizados pode levar até seis meses, atrasando a produção além dos primeiros meses críticos de uma pandemia.
“Antes de 2020, especialistas pensavam que o vírus da gripe representava o maior risco de causar uma pandemia, e tínhamos opções limitadas para criar uma vacina se isso ocorresse”, disse o Dr. Drew Weissman, diretor de pesquisa de vacinas na Penn Medicine.
“A COVID-19 mostrou-nos o poder das vacinas baseadas em mRNA como uma ferramenta para proteger os humanos contra vírus emergentes, e agora estamos mais bem preparados para responder a uma variedade de vírus com potencial pandêmico, incluindo a gripe”, acrescentou Weissman.
A vacina de mRNA tem como alvo o subtipo do vírus H5N1 que circula amplamente entre aves e vacas. Esta cepa raramente infecta humanos, mas existe a preocupação de que, se o vírus continuar a se espalhar, possa evoluir e causar uma pandemia humana, explicaram os pesquisadores.
A vacina experimental provocou uma forte resposta imunológica em ratos e furões de laboratório, segundo o estudo publicado na edição de 23 de maio da revista Nature Communications.
Os animais de laboratório mantiveram níveis elevados de anticorpos um ano após a infecção, e os animais vacinados infectados com H5N1 eliminaram o vírus mais rapidamente e sofreram menos sintomas do que os não vacinados.
A vacina de mRNA contra a gripe também se mostrou tão eficaz quanto uma vacina produzida por métodos tradicionais à base de ovo, relataram os pesquisadores. Ambas as vacinas provocaram fortes respostas de anticorpos em animais de laboratório.
Mais informações sobre a influenza aviária podem ser encontradas nos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA.
Fonte: The New York Times