No atual cenário epidemiológico, em que a preocupação com a gripe aviária H5N1 cresce, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) está adotando medidas para identificar, rastrear e controlar os casos dessa doença em aves silvestres. Até o momento, 57 casos foram confirmados no país.
Em entrevista à Avicultura Industrial, a coordenadora de assuntos estratégicos e diretora substituta do Departamento de Saúde Animal do Mapa, Anderlise Borsoi, compartilhou informações sobre as ações em andamento e os protocolos estabelecidos para conter a disseminação da doença caso ela ingresse o plantel comercial.
Medidas contra a propagação da gripe aviária
O serviço veterinário oficial do Mapa tem desempenhado um papel fundamental ao atender as notificações de suspeita de gripe aviária em aves e realizar a coleta de amostras para confirmação ou descarte dos casos. “Com base no Plano de Contingência para gripe aviária, são desencadeadas ações específicas nos focos, visando identificar as aves suspeitas e combater a doença de forma eficaz”, explica a diretora.
Em um esforço para intensificar a vigilância e mobilizar recursos, o ministério publicou a Portaria n° 587/2023, proporcionando uma interlocução mais facilitada com os demais órgãos envolvidos nas ações de vigilância. Além disso, a Portaria SDA Nº 810/2023 estabeleceu o Centro de Operações de Emergência Agropecuária – COE-MAPA Influenza Aviária, que se tornou um mecanismo essencial de articulação intra e interinstitucional em resposta à emergência zoossanitária.
A fim de conter a disseminação da gripe aviária entre as aves silvestres, o Mapa também tem implementado medidas abrangentes. A vigilância ativa consiste na coleta programada de amostras de aves comerciais e de subsistência pelo serviço veterinário oficial. Além disso, é realizada a coleta de amostras de aves com sinais suspeitos de gripe aviária quando a população notifica, caracterizando a vigilância passiva.
“Também foram adotadas ações de comunicação – com objetivo de alertar a população a não tocar ou recolher aves mortas – que estão sendo massivamente veiculadas, bem como ações de alerta de melhoria da biosseguridade nas criações de aves”, pontua Borsoi.
Além disso, a profissional ressalta que o Mapa está trabalhando em estreita colaboração com o Ministério do Meio Ambiente (ICMBio e IBAMA) e o Ministério da Saúde, buscando adotar medidas adicionais de monitoramento para prevenir e vigiar a ocorrência de gripe aviária no Brasil.
Controle nas áreas de avicultura industrial
No que diz respeito aos programas de monitoramento e vigilância ativa nos locais de produção de aves comerciais, Borsoi destaca que a coleta de amostras já foi concluída em 2.378 estabelecimentos de reprodução, de postura comercial e de corte, totalizando 33.502 amostras de aves de produção. “O sistema de vigilância visa, por meio de uma amostragem robusta e representativa, detectar a presença de IAAP caso ela chegue à Avicultura Industrial no Brasil” explica a coordenadora.
Quando ocorre a confirmação de focos de influenza aviária (IAAP) H5N1, o Mapa faz o alerta ao serviço veterinário oficial, para que inicie as ações do plano de contingência para IAAP. Todos estabelecimentos ou criações de aves num raio de 10km do foco são investigados e as pessoas são orientadas quanto às medidas de prevenção.
O serviço veterinário oficial é quem determina se é necessário a coleta de amostras para diagnóstico de IA. Os sinais clínicos que determinam suspeita são: mortalidade anormal e inexplicável de aves silvestres (qualquer espécie) ou grupo de aves moribundas com sinais clínicos compatíveis com influenza aviária (corrimento ocular, inchaço ocular, dificuldade para respirar, letargia, incapacidade de se levantar ou andar, convulsões, tremores, torcicolo).
Quanto à conscientização dos produtores de aves comerciais, o Mapa reforça a importância da biossegurança e das boas práticas de manejo como medidas essenciais para prevenir a infecção pelo vírus da gripe aviária. A coordenação de assuntos estratégicos enfatiza a necessidade de impedir o acesso das aves migratórias ao alimento ou água fornecidos às aves domésticas.