Uma delegação do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) participou da 90ª Assembleia Mundial de Delegados da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) em Paris, França, para discutir os desafios estratégicos no controle global da Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP) com representantes de mais de 170 países.
Durante o encontro, os delegados compartilharam as experiências de seus países em prevenção e vigilância para detecção precoce da influenza aviária, estratégias de resposta rápida e continuidade das atividades, bem como a promoção do comércio internacional seguro.
O diretor do Departamento de Saúde Animal do Ministério, Eduardo de Azevedo, abordou as normas internacionais para facilitar o comércio seguro e destacou as dificuldades atuais em relação ao reconhecimento de zonas e compartimentos pelos parceiros comerciais. Ele também expressou preocupação com as barreiras sanitárias injustificadas impostas em negociações bilaterais, que podem ser agravadas com a implementação da estratégia de vacinação contra a gripe aviária.
O Brasil, líder mundial na exportação de carne de aves e importante exportador de material genético avícola, posicionou-se inicialmente contra a vacinação das aves como medida preventiva de controle. O secretário de Defesa Agropecuária, Carlos Goulart, explicou que até o momento o Brasil não conseguiu revisar os requisitos dos países relacionados à certificação de país livre da gripe aviária ou sua aceitação mediante vacinação. O país adotou a postura de ser contra a vacinação devido ao risco de perder o status reconhecido e ter seus mercados fechados caso a medida seja adotada.
Goulart ressaltou que a aplicação de medidas de biossegurança nas produções comerciais, juntamente com a detecção rápida, contenção e erradicação dos focos de vírus da influenza aviária, continua sendo considerada a melhor medida de controle.
Além da gripe aviária, outros temas foram abordados na Assembleia da OMSA, como a situação mundial de saúde animal, grupos de trabalho de animais selvagens, resistência antimicrobiana e atividades das comissões especializadas. A delegação brasileira também participou de eventos paralelos, enfatizando a importância de dados e informações de qualidade sobre o impacto das doenças animais em diferentes áreas, a fim de subsidiar as ações dos serviços veterinários.
Goulart destacou ainda a aprovação de uma resolução que alterou o tratamento dado à Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), permitindo que os países não sejam mais obrigados a notificar casos atípicos da doença. Isso é considerado um avanço positivo para países como o Brasil, pois pode facilitar futuras discussões técnicas de revisão de protocolos com os países importadores.