No Brasil, em 2015 foram produzidos mais de 39 bilhões de ovos com 1.073.184 matrizes alojadas. Cerca de 99% da produção foi destinada ao mercado interno. A exportação, com valor estimado de 18.747 toneladas do produto, sofreu expressivo aumento em relação aos anos de 2013 e 2014, que tiveram valor médio de 12 mil toneladas. Foram exportadas 17.173 toneladas de ovos in natura e 1.574, industrializados1*. Nosso país tem nesse campo ampla capacidade de expansão e esta atividade precisa ser estimulada e apoiada.
Atualmente, os maiores importadores de ovos produzidos no Brasil são os Emirados Arabes e Japão. Entretanto, a produção de ovos no Brasil é dependente do mercado nacional, com consumo anual per capita de 191 ovos1. A redução dos custos de produção assim como a garantia da segurança microbiológica dos produtos, por meio de modelos de certificação sanitária eficientes, são elementos que amparam a exportação e podem garantir maior abertura do mercado internacional. Apesar dos plantéis comerciais brasileiros serem livres de doenças como a Influenza Aviária e Doença de Newcastle1, outros agentes, em destaque bactérias do gênero Salmonella, são alvo de medidas de controle e monitoramento do Programa Nacional de Sanidade Avícula (PNSA).
As aves podem apresentar três tipos de enfermidades causadas pela Salmonella. A pulorose, causada pela S. Pullorum (SP); o tifo aviário, causado pela S. Gallinarum (SG) e o paratifo aviário onde estão envolvidos os demais sorovares, incluindo Salmonella Enteritidis (SE) e Salmonella Typhimurium (ST). De maneira geral as aves quando infectadas pelos sorovares SG e SP apresentam sintomas clínicos, enquanto que quando infectadas pelos sorovares paratíficos são assintomáticas. As aves são os maiores reservatórios para Salmonella sp. e a infecção para seres humanos é comumente associada a produtos avícolas contaminados2,3,4.
A transmissão de Salmonella paratífica para aves normalmente ocorre por via fecal-oral, causando gastroenterite e disseminação sistêmica em aves jovens, com idade inferior a duas semanas de idade, com mortalidade que varia de acordo com a linhagem infectada. Algumas aves podem sofrer colonização persistente por Salmonella sp. no intestino e/ou trato reprodutor, podendo eliminar o agente nas excretas, produzir ovos contaminados e contribuir para a contaminação ambiental4,5.
Nos Estados Unidos, em 2015, a avaliação das notificações de infecções humanas relacionadas ao consumo de alimentos contaminados demonstrou que dos agentes bacterianos, Salmonella foi o gênero mais isolado. Um total de 6.827 casos de salmonelose humana foi confirmado e o sorovar Enteritidis foi identificado em 1.358 casos, seguido pelo sorovares Newport e Typhimurium, confirmados em 816 e 739 casos, respectivamente6. Na União Europeia em 2014, 44% dos casos de salmonelose humana associados a alimentos foram associados ao consumo de ovos e derivados. Salmonella Enteritidis foi isolada em 0,7% dos plantéis comerciais de poedeiras e S. Typhimurium em 0,2%7.
Diferente dos mamíferos, os embriões das aves não se desenvolvem em ambiente seguro como o útero, protegido pelo sistema imunológico da mãe. A estrutura dos ovos possui diversos mecanismos de proteção incluindo barreiras físicas inespecíficas e substâncias de ação antimicrobiana também presentes em sua formação no oviduto. A grande habilidade de Salmonella sp. em colonizar o trato reprodutor das aves, contaminar ovos e sobreviver no seu interior, virulência e capacidade de disseminação na cadeia de produção de alimentos, evidenciam sua importância em saúde pública8,9.
Com o intuito de gerar melhor compreensão da dinâmica de infecção por Salmonella sp. no trato reprodutor de poedeiras reunimos algumas informações acerca dos principais mecanismos envolvidos na persistência da bactéria no trato reprodutivo de poedeiras e os elementos envolvidos na contaminação de ovos.
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