Atingido no fim de 2005 por casos de febre aftosa, o Mato Grosso do Sul conta nos dedos a chegada de fevereiro, quando uma reunião da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) que será realizada em Paris deverá avaliar o pedido do governo brasileiro de revisão do status sanitário para a febre aftosa da chamada Zona de Alta Vigilância (ZAV) do Estado.
Criada em 2008 para garantir o fim da aftosa na região, a ZAV abrange 12 municípios – com cerca de cinco mil propriedades – em uma faixa de 15 quilômetros de largura ao longo de mil quilômetros na fronteira do Estado com Bolívia e Paraguai. “Tivemos resultados de relatórios muito favoráveis e esperamos ter o mesmo status do resto do Mato Grosso do Sul”, afirma a secretária estadual de Agricultura, Tereza Cristina Correa da Costa.
A chamada zona “tampão” é considerada de risco médio, por isso a carne de gado proveniente da ZAV só pode ser vendida após maturação e desossa. Até setembro de 2009 não era possível comercializar gado para fora do Estado – e ainda não é permitido exportações da região.
De acordo com a secretária, o Estado sofreu um encolhimento estimado de cerca de 10% em seu rebanho bovino desde 2005 e conta atualmente com cerca de 22 milhões de cabeça de gado.
“O problema é que a pecuária ficou muito tempo em situação ruim. Primeiro foi a febre aftosa, depois a queda nos preços, que tornaram os custos de produção mais altos que o da carne. Muita gente foi obrigada a vender vaca”, diz, lembrando que o nível de preços já está bem melhor. Em setembro/outubro, diz ela, atingiu R$ 102, 00 a arroba no Estado. “Mas o nível de investimento no campo foi reduzido e o pecuarista ficou descapitalizado”.
Tereza lembra ainda que 16 plantas foram fechadas, a grande maioria de pequenos e médios frigoríficos, mas outras grandes também se foram – como o Independência, que tinha três unidades no Estado antes de entrar em recuperação judicial, e Frialto, com uma. “A planta do Independência em Nova Andradina era considerada modelo antes da chegada do Bertin ao Estado”, lamenta a secretária estadual.
Para ela, o avanço implacável do setor de papel e celulose não é uma ameaça a essa atividade econômica. “O eucalipto é o grande eixo de desenvolvimento do Estado e vai entrar na área de pecuária, mas não acabar com ela”, diz Tereza Cristina. Em sua opinião, é possível plantar a espécie em 30% da propriedade e elevar a produtividade do gado.