A decisão do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento de tornar alguns estados livres da peste suína clássica preocupa os pecuaristas de Pernambuco. A classificação vai impedir que o Estado comercialize o animal vivo para alguns importantes mercados do País por ainda não obter o certificado fitossanitário exigido pela pasta federal. Apesar de ter sido formalizada, nesta quarta-feira, no Diário Oficial da União, a medida já afeta a produção local e prejudica a expansão dos negócios dos criadores, que nos últimos anos tiveram que buscar alternativas produtivas para minimizar os impactos da estiagem. Atualmente, a região da bacia leiteira, no Agreste, concentra boa parte dos 617 mil leitões existente em Pernambuco, com capacidade de produção de seis mil toneladas de carne suína por mês.
Presidente da Associação dos Criadores de Suínos de Pernambuco, Albérico Bezerra esclareceu que, além de atender ao mercado interno, essa produção é vendida aos vizinhos, como a Bahia. “A partir do momento em que passamos a ter status fitossanitários diferentes, gera um entrave e dificulta o escoamento da nossa produção”, explicou, destacando que, apesar de a atividade ainda engatinhar frente à produção de bovinos, ela passa a ser uma alternativa aos criadores depois que a seca passou a ser rotina na região.
“Passamos a pluralizar a nossa produção, e a suína se tornou um peso muito forte por ter independência alimentar, sobretudo por aproveitar os volumosos (alimentação) do gado”, frisou. Mais do que isso. A suinocultura, segundo Bezerra, consegue viver em volta da indústria de laticínio e, por sua vez, depender apenas do milho e da soja, que vêm de outros estados. O gado de leite, por outro lado, depende da pastagem e do clima favorável.
Com criação em São Bento do Una, Valmir Moraes é um dos três mil produtores de Pernambuco que começa a sentir os efeitos negativos da classificação no bolso da sua empresa. “Tínhamos um contrato na Bahia, com venda de 300 leitões por semana. Depois da mudança, cancelaram e passamos a vender para o mercado interno e para o Ceará”, afirmou. Ele contou ainda que o impacto vai ser grande, porque lá o preço do quilo é mais competitivo. “No território baiano chegamos a vender o quilo do porco por R$ 9. Aqui, a mesma quantidade cai para R$ 7”, detalhou. Por mês, Valmir chega a vender 5,6 mil quilos.
Entretanto, a gerente-geral da Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária de Pernambuco (Adagro), Erivânia Camelo, disse estar mobilizada em mudar o cenário. “Estamos em conversa com o Ministério e pretendemos mostrar, em breve, um inquérito epidemiológico, na tentativa de informar que também estamos livres do vírus da peste suína”, explicou. O último registro da doença aconteceu em meados dos anos 2000.
Por nota, o Ministério da Agricultura comunicou que a erradicação da doença no Brasil é regionalizada. “O Ministério desenvolve ações para que os estados, incluindo Pernambuco, venham a ser incluídos também na zona livre da peste”.