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Salmonella: Um desafio para a Segurança Alimentar Global

Por Eva Hunka, Med. Vet. MSC em Medicina Preventiva

Salmonella: Um desafio para a Segurança Alimentar Global

O controle da Salmonella na cadeia avícola é uma questão crítica para a segurança alimentar e a saúde pública, por se tratar de uma bactéria que pode contaminar aves desde o nascimento, durante o processo de criação, no abate e, até mesmo, durante o processamento, representando, assim, um risco significativo de infecção para os consumidores.

Por ser uma bactéria ubíqua, presente em diferentes animais e materiais, a sua eliminação não é uma realidade. Precisamos focar no controle eficaz deste agente nas granjas, onde práticas rigorosas de biosseguridade são essenciais para minimizar a introdução e disseminação do patógeno.

Na granja, as práticas de biosseguridade envolve a implementação de medidas como a limpeza e desinfecção regulares das instalações, o controle de pragas (como roedores e insetos) que podem atuar como vetores e hospedeiros de Salmonella, e a manutenção de um ambiente seco e limpo para reduzir a proliferação da bactéria. Além disso, a nutrição adequada e o manejo sanitário das aves são fundamentais para fortalecer o sistema imunológico, tornando-os menos suscetíveis a infecções que ajudam a abrir portas para a Salmonella.

O uso de vacinas tem se mostrado uma estratégia eficaz na prevenção da colonização das aves pelo patógeno. A estratégia vacinal precisa ser parte de um controle integrado, e deve começar nas matrizes, pois diminui a probabilidade de transmissão vertical, ou mesmo via fezes, que contamina a casca do ovo e, consequentemente, leva esta bactéria para dentro dos incubatórios.

A vacinação de matrizes também promove uma proteção eficiente nos primeiros dias de vida do pintinho, retardando a infecção em alguns dias e diminuindo as taxas de replicação. No frango de corte, a vacinação também podem ser uma alternativa, desde que sejam utilizadas vacinas permitidas para este tipo de aves, e que sejam respeitados todos os prazos de carência para cepa envolvida. As vacinas vivas, utilizadas em frangos de corte, podem reduzir significativamente a presença da bactéria nos intestinos das aves, diminuindo a probabilidade de contaminação da carne durante o abate.

Durante o processamento, é crucial manter boas práticas de higiene para evitar a contaminação cruzada entre carcaças e equipamentos. Isso inclui a lavagem adequada das carcaças, o controle de temperatura durante o armazenamento e transporte, e a esterilização regular dos instrumentos utilizados. O monitoramento constante da presença de Salmonella em pontos críticos do processo produtivo, por meio de testes microbiológicos, permite a detecção precoce de contaminações e a implementação de medidas corretivas.

Como parte de um processo de governança de cada empresa, a educação e o treinamento dos trabalhadores envolvidos em todas as etapas da produção são igualmente importantes, garantindo que todos compreendam e sigam as práticas de controle estabelecidas. Além disso, a rastreabilidade dos lotes de produção é uma ferramenta essencial para garantir que, em caso de detecção de Salmonella, as fontes de contaminação possam ser identificadas
rapidamente e as ações corretivas sejam tomadas de forma eficiente.

Em resumo, o controle da Salmonella na cadeia avícola é um esforço multifacetado que exige a colaboração de todos, desde a granja até o consumidor final. A implementação de um plano de governança com boas práticas de manejo, vacinação, higiene, monitoramento e elaboração de planos de ação com focos na causa do problema, são fundamentais para garantir a segurança dos alimentos e proteger a saúde pública.