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A influenza aviária ameaça a América Latina e Caribe?

<p>Confira artigo do consultor da FAO, Juan García García.</p>

Redação (31/10/2007)- A FAO noticiou no último dia 25 que a gripe aviária pode se tornar endêmica em galinhas e patos e gansos domésticos em partes da Europa. O aviso foi feito após identificação por cientistas alemães do vírus H5N1 em patos domésticos.

No final de setembro, o governo canadense alertou a comunidade internacional da identificação de um caso de influenza aviária de alta patogenia causado por um vírus do subtipo H7N3 numa granja em Regina, Saskatchewan. Esta foi a segunda vez que o Canadá notificou um caso de influenza aviar do vírus H7N3. Em 2004, um foco na província de British Columbia obrigou o sacrifício de animais em mais de 450 granjas. No total, mais de 17 milhões de aves foram mortas, causando perdas econômicas de cerca de US$300 milhões.

O Canadá aprendeu muito da crise de 2004 e sua experiência serve como exemplo de que a notificação imediata e a vigilância epidemiológica permanente são ferramentas efetivas para prevenir a entrada de qualquer vírus da influenza aviária. Desde julho de 2004 até hoje foram identificados vários subtipos do vírus (H5N1, H5N2, H5N3 e H5N9) que circulam em aves silvestres. Em junho de 2006, for detectado um vírus da variedade H5N1 de baixa patogenia em um ganso comercial, mas isto não afetou a avicultura de modo significativo.

Nos Estados Unidos, desde agosto de 2006 já foram identificados vários vírus da influenza aviária do subtipo H5N1 de baixa patogenia em aves silvestres. E, em julho de 2007, o país informou a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) sobre a identificação de perus criados para consumo infectados no estado da Virgínia, o que demonstra a possibilidade de transmissão do vírus de aves silvestres a comerciais. Aves comerciais infectadas com os vírus H5N2 e H7N2 também já haviam sido identificadas em outros dois estados norte-americanos em abril e julho de 2007. As populações afetadas foram imediatamente eliminadas, evitando que o vírus se espalhasse.

A situação no Canadá e nos Estados Unidos deixa evidente que os vírus da influenza aviária continuam presentes em aves silvestres no norte do continente americano e podem contagiar aves criadas em recintos fechados. Ainda falta conhecer mais sobre a ecologia e a epidemiologia do vírus para identificar onde se encontram as possíveis rotas de infecção, particularmente para os vírus dos subtipos H5 e H7 detectados no continente. Esses subtipos são especialmente importantes porque, geralmente, se introduzem nas aves domésticas como vírus de baixa patogenia que, se não são eliminados, se transformam em pouco tempo em vírus de alta patogenia.

O risco representado pela influenza aviária tem levado os governos da região a se preparem para enfrentar a doença. No Brasil, em 2006, o governo investiu cerca de R$ 40 milhões na prevenção contra a influenza aviária. Os recursos foram destinados ao aprimoramento da estrutura de defesa sanitária, incluindo a adequação de laboratórios, compras de equipamentos de proteção individual e capacitações.

A FAO também participa do esforço de prevenção e destina US$2 milhões em quatro projetos de assistência emergencial para a rápida detecção da influenza aviária na América Latina e Caribe. Tais projetos permitem aos países da região promover a capacitação, atualizar planos de prevenção e contingência, assim como melhorar os sistemas de diagnóstico e vigilância tanto em aves silvestres quanto comerciais, colocando a disposição um sistema de informação geográfica desenhado para ser utilizado em análises de risco.

O resultado é que, hoje, a região está mais preparada para enfrentar a influenza aviária. Os países que antes não tinham sistemas de diagnóstico e vigilância puderam implementá-los com o apoio da FAO, que contribui também através da rápida disseminação de informação relativa a influenza aviária.

Até hoje nenhum foco foi detectado na América Latina e Caribe. Mas não podemos baixar a guarda. Além dos prejuízos econômicos causados pela influenza aviária, o subtipo H5N1 de origem asiático é de alta patogenia e pode ser transmitido às pessoas através do contato direto e prolongado com uma ave infectada. Até agora, ele já causou a morte de 202 pessoas em todo mundo. Teme-se ainda que o vírus possa sofrer outra mutação que permitiria a fácil contaminação entre pessoas.

Diante do risco de uma pandemia global, só nos resta continuar melhorando os tempos de resposta dos países e conscientizar a sociedade e aqueles envolvidos com a produção e o manejo de aves para manter nossa região livre da influenza aviária.