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Aeroportos devem ser vigiados para evitar chegada da gripe aviária

<p>O governo concluiu o plano de preparação de aeroportos para uma possível pandemia.</p>

Redação AI (25/09/06)- O documento, obtido com exclusividade pelo Correio, prevê a instalação em 10 aeroportos com vôos internacionais de um sistema de raios-X para vistoriar todas as malas transportadas nos compartimentos de bagagens, em busca de material orgânico. Haverá ainda um sistema para esterilizar resíduos de alimentos servidos em aeronaves que chegam ao país.

No plano geral de prevenção contra a gripe aviária, divulgado pelo Ministério da Saúde no começo do ano, era preconizado somente o controle de vôos originários de áreas onde existe o vírus da gripe, como Ásia e África. Agora, a intenção é atingir com as medidas todos os vôos internacionais, já que conexões em outros países permitem que aeronaves e passageiros cheguem ao Brasil, a partir de áreas infectadas, em vôos que não são diretos. Com isso, o universo para vigilância aumentou muito. Dados da Infraero mostram que entre janeiro e agosto deste ano pousaram no país 7,7 mil aeronaves carregando 4,1 milhões de passageiros. No ano passado, foram 6,4 milhões de passageiros aterrissando. Mais de 95% dessa movimentação ocorre nos 10 aeroportos que serão vigiados.

Todo o vôo internacional é considerado de risco, afirma o contra-almirante Carlos Edson Martins da Silva, diretor do Departamento de Saúde do Ministério da Defesa e coordenador do grupo técnico que elaborou o plano para aeroportos. As medidas são resultado de uma discussão de sete meses, que envolveu também representantes de ministérios como Saúde, Agricultura e Meio Ambiente. O documento, que tem 53 páginas, explica que o objetivo principal do plano é apontar ações a serem empreendidas em áreas aeroportuárias ,para minimizar o risco de entrada e a disseminação do vírus da influenza aviária ou de um eventual novo subtipo viral responsável por uma nova pandemia de influenza no território nacional.

Tratamento de resíduos
Uma das medidas consideradas imediatas e que, ainda assim, terá um prazo de até seis meses para ser implementada é a criação de um sistema para tratamento de resíduos de alimentos de origem animal servidos em aeronaves. Foram discutidos modelos distintos usados para isso, e a opção do grupo técnico foi pelo sistema de autoclave, que esteriliza materiais por meio de pressão de vapor dágua com temperatura superior a 100C. É o equipamento usado em hospitais e consultórios médicos e dentários. A intenção é tratar os resíduos de todas as aeronaves de fora que aterrissarem nos 10 aeroportos.
A escolha do sistema de tratamento de resíduos foi polêmica. A Infraero, empresa pública que administra aeroportos, preferia a aquisição de incineradores. O sistema mais eficaz para o Brasil é a incineração, diz Álvaro Eduardo Valente, superintendente de Meio Ambiente da Infraero. Carlos Edson explica que a opção pelas autoclaves levou em conta a maior facilidade de instalação, a resistência de ambientalistas a incineradores e o custo mais baixo. Tecnicamente, a autoclave resolve, pois o vírus da gripe é inativado com certa facilidade, explica. Carnes, ovos e outros restos de alimentos serão levados para as autoclaves, que precisarão ter capacidade de no mínimo 250 litros.

União de esforços
Os escâneres dos grandes aeroportos internacionais deverão ser instalados na parte externa do terminal de passageiros. A intenção é que as malas cheguem às esteiras para recolhimento só depois de já terem sido analisadas no sistema especial de raios-X. As bagagens suspeitas serão separadas para inspeção. Um único funcionário fará a observação interna das malas, mas um monitor vai gerar dali imagens para fiscais da Receita Federal, Vigilância Sanitária e Vigilância Agropecuária, uma união rara de esforços. Bagagens consideradas de risco serão esterilizadas.

O Ministério da Saúde chegou a prever no começo do ano a vacinação de tripulantes de aeronaves contra a gripe convencional como forma de protegê-los da versão aviária da doença. O governo agora desistiu da idéia. Não há evidências de que a vacina contra a gripe sazonal proteja contra a pandemia, explica Jarbas Barbosa, secretário-executivo do Ministério da Saúde e coordenador do Grupo Executivo Interministerial (GEI) criado para preparar as medidas contra a gripe aviária.

Está quase concluído também o plano de prevenção em portos. A preparação vai envolver principalmente o Ministério dos Transportes, que administra parte dos portos, e a Marinha.