Redação (23/01/07) – O mundo vai precisar de anos para eliminar a gripe aviária, e a ameaça de uma pandemia humana vai existir enquanto o vírus estiver ativo nas aves, disse ontem a diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Chan. Desde o ressurgimento da doença, em 2003, houve 267 casos de infecção em humanos, a maioria no Sudeste Asiático, sendo que 161 deles resultaram em mortes. Quase metade das mortes aconteceu em 2006. “Embora a doença continue sendo uma enfermidade animal, ela não perdeu sua virulência nas oportunidades em que conseguiu passar para os seres humanos.”
A taxa de mortalidade em 2006 chegou a 70%, enquanto a média nos três anos é de 60%.Segundo Margaret, enquanto o vírus (que causa a gripe aviária e pode contaminar humanos, o H5N1) continuar circulando nos pássaros, a ameaça de uma pandemia vai persistir, disse ela, em um pronunciamento à diretoria executiva da organização, formada por 34 países. A OMS já fez vários alertas de que o vírus, que foi detectado pela primeira vez em 1997 em Hong Kong, pode deflagrar uma pandemia global se sofrer mutações que lhe permitam ser transmitido de pessoa para pessoa.Por enquanto, todos os casos de infecção humana envolveram contato com animais infectados. Margaret, que assumiu a liderança da OMS neste mês, disse que é impossível prever quando, e se, essa mutação vai ocorrer. “A mensagem é simples: não podemos baixar a guarda.”
A gripe aviária é um dos principais assuntos da agenda do encontro da diretoria, que durará oito dias e também discutirá doenças infecciosas como a aids, a malária e a tuberculose, além de enfermidades crônicas como a diabete e as doenças cardíacas. Também será definido o orçamento da entidade para 2008-2009.
SACRIFÍCIO – As autoridades de Jacarta iniciaram o sacrifício de mais de um milhão de aves para evitar a expansão da gripe aviária, que provocou a morte de cinco pessoas na Indonésia este ano. Mais de dez mil aves do sul da capital indonésia foram sacrificadas nos últimos dias em cumprimento do novo regulamento da cidade, que proíbe a criação e posse de aves em zonas residenciais.Segundo o prefeito do Sul de Jacarta, Syahrul Efendi, as autoridades confiscarão todos os frangos e outras aves nos bairros residenciais antes de 31 de janeiro.
O departamento de Agricultura e Pesca de Jacarta calcula que cerca da metade de casas da cidade tem aves de curral ou de companhia e cifrou em aproximadamente 2,5 milhões o número de aves domésticas da capital.Cinco pessoas procedentes de Jacarta e Java Ocidental morreram por causa da gripe aviária desde o começo do ano. A Indonésia, com 61 vítimas fatais, é o país com maior número de mortes em função da gripe aviária, uma doença que, segundo números da Organização Mundial da Saúde, cobrou a vida de mais de 150 pessoas no mundo.