Redação (21/06/06) – O encontro, intitulado “Revisão técnica e consulta de analistas sobre a situação da gripe aviária na Indonésia”, acontece a portas fechadas até a próxima sexta-feira, sob o patrocínio da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização para a Agricultura e a Alimentação (FAO).
Ambas as instituições disseram que um dos objetivos do encontro é “compartilhar lições aprendidas sobre a detecção adiantada e a contenção do vírus H5N1”, assim como “a formulação de novas recomendações” para a população.
A comunidade internacional decidiu concentrar seus esforços na erradicação do vírus em sua fonte original, para evitar o risco de uma futura pandemia em humanos.
O vírus H5N1 é muito contagioso entre as aves, está presente em mais de 20 de países e já matou dezenas de milhões de frangos.
A gripe aviária é endêmica em grande parte do arquipélago indonésio. Surgiram focos em 29 das 33 províncias do país.
Segundo Peter Roeder, analista da FAO, a Indonésia necessita de US$ 50 milhões para estabelecer um sistema de alerta e contenção do vírus.
“Se o Ministério da Agricultura receber uma injeção de US$ 50 milhões nos próximos três anos, poderemos nos desenvolver a ponto de enfrentar a gripe aviária”, disse Roeder em um dos intervalos da cúpula.
Na Indonésia, 51 pessoas contraíram o vírus H5N1, das quais 39 morreram. Mesmo assim, poucos indonésios vêem a gripe aviária como uma grave ameaça.
Grande parte da população local se nega a colaborar com as autoridades e evita informar a morte de frangos na vizinhança, o que dificulta a detecção adiantada do vírus.
“Não informam os novos focos em aves na Indonésia. Mais da metade dos casos humanos detectados foi o primeiro sinal de que existia um foco em animais”, alertou na última segunda-feira o epidemiologista da OMS Steven Bjorge.
A ministra da Saúde da Indonésia, Siti Fadilah Supari, disse recentemente que “as idéias” para conscientizar a população sobre o risco existente acabaram.
O grande temor dos cientistas é que a gripe aviária, que atualmente só contamina humanos por meio do contato com animais, passe a ser transmitida de pessoa para pessoa devido a uma mutação do H5N1.
A Indonésia se transformou em centro da atenção internacional no mês passado, quando foi descoberto um grupo de sete pessoas da mesma família afetadas pelo vírus em uma pequena aldeia no norte da ilha de Sumatra.
Apenas um dos sete contaminados sobreviveu. Um oitavo parente foi enterrado antes que exames pudessem ser realizados em seu corpo, mas ele é considerado o ponto inicial do vírus na família.
A OMS não conseguiu averiguar a fonte de contágio, mas temeu-se uma transmissão entre humanos.
As análises genéticas descartaram uma mutação no vírus e o nível de alerta se mantém em estado 3, ou seja, “transmissão entre pessoas inexistente ou muito limitada”.
No entanto, a OMS aposta no fortalecimento de estratégias para a contenção do vírus no país, que registrou 33 casos apenas em 2006.
“A menos que a situação seja rapidamente controlada, é provável que ocorram casos humanos esporádicos e inclusive transmissões de pessoa para pessoa”, afirmou hoje o organismo internacional em comunicado para a imprensa.