Redação SI 30/09/2002 – A Secretaria de Agricultura do Pará (Sagri) vai aumentar as restrições ao transporte interestadual entre Pará e Maranhão dos animais suscetíveis à febre aftosa (bovinos, bubalinos, suínos, caprinos e ovinos). As condições serão impostas porque a zona dois do Pará passou de alto para médio risco, no início deste mês, em relação ao controle da aftosa, o que significa um avanço na erradicação da doença, após auditorias técnicas do Ministério da Agricultura. Uma reunião está marcada para amanhã entre os coordenadores do Programa de Defesa Sanitária dos dois estados.
A zona dois do Pará corresponde às regiões oeste, leste, nordeste e parte do norte do estado. No caso do leste e nordeste, são áreas próximas à divisa do Pará com o Maranhão.
No Maranhão também houve avanço. Após auditoria realizada neste mês, o Ministério da Agricultura tirou o estado da condição de risco desconhecido para alto risco, o que dá um alívio aos criadores que vão poder comercializar bezerros para o Pará.
Prejuízos
Havia uma possibilidade de fechamento da barreira sanitária para os animais do Maranhão. O estado exporta em torno de três mil bezerros por mês para o Pará. Os criadores do município de Paragominas, nordeste do estado, são os que mais compram os bezerros do Maranhão. Com o fechamento das barreiras, o estado deixaria de faturar em torno de R$ 900 mil por mês com a venda de para o estado vizinho, segundo a Associação dos Criadores do Maranhão (Ascem). “Nem mesmo os animais vendidos em exposições agropecuárias poderiam entrar no Pará”, diz Cláudio Azevedo, presidente da Ascem.
“Não haverá fechamento de barreira, apenas algumas restrições quanto à entrada dos animais no estado”, diz o veterinário Jarbas Oliveira, coordenador do Programa de Defesa Sanitária do Pará. O estado tem hoje zonas de alto e médio risco. Os coordenadores fazem um trabalho grande para alcançar o baixo risco, em algumas zonas.
Restrição de transporte
Segundo Oliveira, as restrições ao Maranhão são as seguintes: o interessado terá que dar entrada em um requerimento na Sagri, que deverá conter a relação dos animais que vêm para o Pará, a procedência e o destino deles; a comprovação de que o animal foi vacinado contra a aftosa pelo menos duas vezes, nos últimos 12 meses; o animal só poderá entrar pelos corredores sanitários onde há estrutura fixa de fiscalização; e mesmo que tenha tomado as duas doses obrigatórias, no Maranhão, o animal será vacinado novamente, assim que chegar ao Pará, independentemente da data da última vacinação.
“Antes, a única regra imposta ao Maranhão era a da obrigatoriedade das duas vacinas feitas lá, antes de entrar no Pará. Mas quanto aos animais vindos de outros estados do Nordeste, esses continuam com a entrada proibida. É que nesses outros estados, com exceção do Maranhão, o risco da aftosa ainda é desconhecido. O que quer dizer que o ministério não tem informação sobre a doença, muito menos controle sobre ela”, diz Oliveira.
Apesar de não mudar a situação em termos de restrições, o fato de o Maranhão ter saído da condição de risco desconhecido para alto risco significa um passo muito importante para o combate da aftosa no estado, diz Cláudio Azevedo. Se antes o ministério não dispunha de informações, hoje já conta com um órgão criado pelo governo do estado atento à vigilância sanitária.