Redação AI 02/06/2005 – Análises laboratoriais feitas pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) com material de vísceras de aves de uma granja de Jaraguari (MS) indicam que a doença que levou ao sacrifício de 17 mil frangos na semana passada é a bronquite infecciosa. O laudo contesta o risco da doença de Newcastle, primeira suspeita levantada depois que 500 aves morreram na granja apresentando problemas respiratórios.
O Ministério da Agricultura, no entanto, ainda não divulgou o resultado final das análises feitas com material coletado em Jaraguari, mas ontem enviou um informe aos países e uma nota à imprensa comunicando que “exames laboratoriais realizados até a presente data excluem definitivamente a ocorrência de influenza aviária na região”. O Valor antecipou ontem que o Ministério havia descartado o risco da gripe aviária, doença que tem dizimado plantéis de frango na Ásia.
Ainda segundo o informe da pasta, “exames laboratoriais para outras doenças encontram-se em andamento no Lanagro/Campinas”. Segundo uma fonte do Ministério, a segunda leitura de material analisado no Lanagro (antigo Lara), realizada ontem, deu negativa para a doença de Newcastle. Uma terceira leitura será feita para obter o diagnóstico final. O Ministério prometeu divulgar o resultado na próxima terça-feira.
Conforme o diagnóstico do laboratório da UFMS , que não é conclusivo, “a histopatologia evidencia ausência de comprometimento do sistema nervoso, considerável comprometimento respiratório caracterizado por um processo proliferativo pulmonar crônico e inflamatório discreto da traquéia (…)”. O laudo observa que “a histopatologia não é compatível com doença de Newcastle e sugere um doença imonossupressora, possivelmente associada a uma bronquite infecciosa”.
O resultado dos testes da UFMS e o informe do Ministério foram apresentados à imprensa, ontem pela Abef – Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frango – e pela UBA – União Brasileira de Avicultura, que decidiram se manifestar temerosas de que as notícias sobre a doença no MS provocassem danos às exportações brasileiras de frango. “A declaração [do Ministério] visa tranqüilizar de que não existe qualquer manifestação de gripe aviária no Brasil”, afirmou o presidente da Abef, José Augusto Lima de Sá.
O vice-presidente técnico científico da UBA, Ariel Mendes, afirmou que o exame em curso no Lanagro – que prevê inoculação de vírus em embriões – é o confirmativo. “O Lanagro é a referência para Newcastle na América Latina”, afirmou. Segundo ele, não houve, até agora, mortalidade das aves inoculadas com o vírus da Newcastle no Lanagro, o que afasta o risco da doença.
Ele disse que a bronquite infecciosa, apontada no exame da UFMS, é uma doença comum na avicultura comercial, para qual há vacinação, e que não é alvo de suspensão das exportações por parte da OIE – Organização Internacional de Epizootias . Acrescentou que as perdas com a bronquite são econômicas e não há risco para humanos. Ele reconheceu que “a suspeita inicial de Newcastle” motivou o sacrifício e a interdição de propriedades próximas a Jaraguari. A granja, que fica a 46 quilômetros de Campo Grande, é de um integrado da Seara Alimentos.