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Avicultura brasileira continuará livre da gripe aviária, diz presidente da UBA

<p>Para Zoé Silveira Avila a probabilidade da doença chegar ao País é muito pequena.</p>

Clóvis Puperi e Zoé Silveira dAvila, diretor e presidente da UBA respectivamente, durante coletiva na sede da entidae em São Paulo.

Redação AI 09/11/2005 – Embora real, o risco da entrada do vírus da Influenza Aviária (I.A.) no Brasil é mínimo. Estruturada no sistema de integração, característica que por si só garante uma rigorosa assistência técnica e veterinária, e adotando rigorosos cuidados sanitários permanentes há vários anos, a avicultura brasileira reúne condições diferenciadas para evitar a incidência de doenças exóticas em território nacional.

O raciocínio acima é do presidente da União Brasileira de Avicultura (UBA), Zoé Silveira dAvila. Segundo ele, a probabilidade de a avicultura brasileira registrar um caso de uma doença exótica hoje é muito pequena.

Em entrevista coletiva, realizada ontem (08/11), na sede da entidade em São Paulo, o presidente da UBA falou sobre os surtos da I.A. pelo mundo, sobre a necessidade da imediata implementação do projeto de regionalização sanitária da avicultura brasileira e sobre a greve dos fiscais federais agropecuários, segundo ele, a principal preocupação do setor atualmente.

Durante a entrevista, o presidente da UBA também minimizou os riscos da ocorrência de uma pandemia mundial de gripe aviária. “Há um certo exagero da imprensa e da classe médica quanto ao risco de uma pandemia mundial de gripe aviária”, afirmou. Segundo Zoe, há uma preocupação exagerada em torno do assunto e uma supervalorização dos efeitos que uma eventual pandemia de gripe aviária poderá causar à população mundial. “A medicina evoluiu muito. Hoje existe uma gama de antibióticos que podem ser utilizados no tratamento. Atualmente há muito mais recursos para tratar de uma pandemia”.

Regionalização – De acordo com o presidente da UBA, o setor avícola vê com grande preocupação a crescente difusão do vírus da Influenza Aviária pelo mundo. Zoé enfatizou, no entanto, que não se trata de uma preocupação recente. Desde 2002, ano em que o Chile registrou um surto da doença, o setor avícola vem adotando uma série de medidas para evitar a entrada do vírus no Brasil.

Com o agravamento da situação sanitária em países produtores avícolas, argumenta Zoé, a imediata implementação do programa de regionalização da avicultura brasileira tornou-se imprescindível. “Hoje a oficialização e execução desse programa é a nossa principal prioridade”, disse.
Idealizado pelo setor, o programa de regionalização tem o objetivo de definir e preservar o status sanitário de determinadas regiões para facilitar o controle zoosanitário e não comprometer o comércio internacional dos produtos avícolas no caso de uma eventual ocorrência sanitária. O Brasil é um País de dimensões continentais e uma ocorrência sanitária, mesmo que numa região onde a avicultura não seja tradicional, pode interromper as exportações de todos os estados brasileiros, comentou. “Hoje, se uma galinha tossir no Acre corremos o risco de deixar de exportar”.

De acordo com Zoé, o setor aproveitou a realização do 19 Congresso da UBA para enfatizar para as autoridades políticas a importância da regionalização para o País. “O Governo Federal parece estar começando a entender a importância da regionalização da avicultura para o País”. Segundo ele, o Ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, garantiu que a portaria que oficializa a implementação do programa de regionalização no País será assinada até o dia 15 de dezembro.

A primeira fase do programa, explicou Zoe, será implementada já a partir de 1 de janeiro de 2006 nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul. “Esses são os estados mais evoluídos sob o ponto de vista da produção avícola e, portanto, preparados sanitariamente para iniciar o programa de regionalização”, explicou.

Ponto crítico – Apesar de minimizar a vulnerabilidade da avicultura brasileira quanto à entrada do vírus da I.A., o presidente da UBA fez questão de frisar que o risco existe. Segundo Zoé, a porta de entrada para o vírus da I.A. pode estar na criação de aves soltas, as chamadas caipiras ou coloniais. Esse tipo de criação, no entender do setor avícola, constitui fator de risco “altíssimo” para a avicultura industrial, pela possibilidade de sua contaminação por aves silvestres e migratórias. “As aves soltas representam o grande perigo para a avicultura brasileira”, avaliou. “Esse tipo de criação, na maioria das vezes, não conta com nenhum tipo de orientação técnica”.

Zoé informou que a UBA está conversando com o Ministério do Desenvolvimento Agrário solicitando a reavaliação e suspensão imediata dos novos programas de incentivo à avicultura familiar.  O setor está negociando ainda, por intermédio do Mapa, a publicação de uma legislação sanitária específica para a criação de aves do tipo caipira ou colonial e também para avicultura familiar, tornando obrigatória a adoção de medidas sanitárias que reduzam o risco para a avicultura industrial.

Greve dos fiscais  – Segundo o presidente da UBA, a principal preocupação do setor avícola nacional hoje não é o risco da entrada da I.A. no País e sim a greve dos ficais federais agropecuários. Zoe explicou que a capacidade de armazenamento das indústrias processadoras é limitada, e que se a greve se estender por muito tempo, inevitavelmente o setor terá prejuízos.

O Brasil abate diariamente cerca de 18 milhões de aves. Já a capacidade de estocagem e armazenamento das indústrias varia entre dois e sete dias. “Se a greve durar por mais de uma semana as empresas serão obrigadas a suspender os abates”, explica Clóvis Puperi, diretor executivo da UBA. Essa situação, segundo ele, traria prejuízos tanto para as indústrias quanto para os produtores. “Haveria prejuízos no campo uma vez que, diferentemente do bovinocultor que pode deixar seus animais no pasto, o produtor avícola tem na alimentação seus maiores custos”. “Já a indústria corre o risco de perder o ”timing” dos compradores internacionais que já efetuam suas compras para as festas de final de ano”.

A greve dos fiscais pode comprometer ainda, argumenta Puperi, um dos principais diferenciais da avicultura brasileira no mercado externo: o atendimento das especificações dos compradores internacionais. “As empresas brasileiras têm uma produção adequada para cada mercado comprador e o tamanho dos cortes está relacionado ao tempo de criação das aves”, afirma.

De acordo com o diretor da UBA, lideranças avícolas já entraram em contato com o ministro da Agricultura pedindo medidas enérgicas e urgentes para o encerramento da greve. As associações estaduais, por sua vez, já entraram com liminares para que os órgãos competentes assegurem a emissão dos certificados de liberação das aves.