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Gripe Suína

Banco Mundial empresta US$ 205 milhões ao México para combate à gripe suína

Serão US$ 25 milhões para entrega imediata, para ajudar o país a enfrentar a epidemia da gripe suína.

O Banco Mundial (Bird) aprovou neste domingo um empréstimo emergencial de US$ 205 milhões para o México, dos quais US$ 25 milhões para entrega imediata, para ajudar o país a enfrentar a epidemia de gripe suína, que matou 22 pessoas no país. Outras 1.300 pessoas foram infectadas no México, 900 da quais já estão saudáveis, informou o presidente mexicano Felipe Calderón neste domingo. Há casos confirmados de gripe suína nos EUA e no Canadá e suspeitas de infecção na Europa, em Israel e na Nova Zelândia.

Com provável origem em porcos, o vírus da gripe suína é transmitido de pessoa para pessoa e tem sintomas semelhantes aos da gripe comum, com febre superior a 39ºC, tosse, dor de cabeça intensa, dores musculares e articulações, irritação dos olhos e fluxo nasal, mas com vômitos e diarreia mais severos.

O Bird aprovou “US$ 25 milhões para desembolso imediato”, que servirão para a “aquisição de remédios e equipamentos médicos para detectar e diagnosticar” a doença, disse Carstens, em entrevista à imprensa junto ao presidente do banco, Robert Zoellick.

Também foi apovado pelo banco um segundo crédito, de US$ 180 milhões, a médio prazo “para tratar dos aspectos operacionais e da capacidade institucional” do país para enfrentar o problema.

O banco também está facilitando o contato do governo do México com especialistas em epidemias no mundo para que colaborem com o caso.

Após uma reunião da Comissão Conjunta de Desenvolvimento do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do Bird, em Washington, Carstens falou à imprensa que o surto de gripe suína poderia ter um grande impacto sobre a economia do México, mas que era muito cedo para dizer qual seria a dimensão dos efeitos.

Zoellick disse que o foco imediato era “tentar cuidar da vida das pessoas”, mas a influência de uma possível epidemia global de gripe suína sobre a economia, em meio aos feitos da crise financeira, foi discutida por autoridades reunidas em Washington para a reunião do FMI e do Bird.

Duramente afetado pela crise financeira global, que levou a uma forte desvalorização do peso em relação ao dólar, o México recorreu neste mês a uma linha de crédito de US$ 47 bilhões do Fundo Monetário Internacional para garantir o valor da sua moeda e afastar os temores sobre a queda das reservas nacionais.

Preocupação mundial

No Brasil, um homem que voltou de Cidade do México há cerca de dez dias foi internado com sintomas de gripe na UTI do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo. Segundo o infectologista Edenilson Eduardo Calore, que cuida do caso, a probabilidade de ser realmente gripe suína é pequena, e o homem está “clinicamente bem”.

Mais 21 suspeitas da gripe suína estão sob investigação em países da Oceania, da Europa e Oriente Médio. Na Nova Zelândia, há dez suspeitas; na Espanha, sete; na Escócia, duas; na França, uma; e em Israel, uma. França e Reino Unido já descartaram suspeitas.

Margaret Chan, diretora da OMS (Organização Mundial da Saúde), reforçou a necessidade de todos os países adotarem medidas de prevenção à gripe suína. Segundo ela, a entidade está “muito preocupada”, pois constatou que o vírus tem “claramente potencial pandêmico”. Pandemia é o nome dado às epidemias de grande alcance geográfico, talvez global. “Países que ainda não foram atingidos devem aumentar sua vigilância.”

O nível de alerta mundial da OMS para o problema é de 3, em uma escala que vai de 1 a 6.

América do Norte

De acordo com o prefeito de Cidade do México, Marcelo Ebrard, as duas mortes confirmadas na capital mexicana neste domingo ocorreram nas últimas horas. Mais cinco mortes suspeitas aconteceram, o que eleva o total de mortes suspeitas para 65. Mais 73 pessoas permanecem internadas à espera de diagnóstico, enquanto, em 59 casos, a gripe suína foi descartada. No total, mais de 1.300 pessoas já teriam sido atingidas.

Na Cidade do México, igrejas estão vazias; zoológicos foram fechados; as visitas a centros de detenção para adolescentes estão suspensas; e funcionários dos serviços de saúde procuram pessoas contaminadas nos aeroportos e terminais de ônibus. O presidente Felipe Calderón decidiu isolar qualquer pessoa com suspeita de gripe.

Nos EUA, só neste domingo, foram confirmados oito casos de gripe suína em Nova York, dois no Estado do Kansas e um no Estado de Ohio. Os outros casos já tinham sido confirmados na Califórnia (sete) e no Texas (dois). Devido ao avanço da doença, o governo declarou emergência na saúde pública, em manobra similar à usada em casos de catástrofes como furacões.

“Temos certeza de que vamos encontrar mais casos em todo o país. O comportamento do vírus é imprevisível, então, este número de infectados continuará subindo. Esperamos ver casos mais graves”, afirmou o médico Richard Besser, do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA. Todos os casos registrados nos EUA, por enquanto, são “leves”.

No Canadá foram registrados dois casos na Colúmbia Britânica e quatro na Nova Escócia. No último, dois dos pacientes são estudantes da escola King’s-Edgehill que viajaram para o México a passeio ao lado de mais cerca de 20 colegas. Conforme a médica Danuta Skowronski, por enquanto, nenhum dos doentes do Canadá precisou ser internado.

Outras regiões

Na Oceania, a Nova Zelândia mantém sob observação dez estudantes que, “provavelmente”, contraíram a doença durante uma viagem da escola ao México. De acordo com o ministro da Saúde, Tony Ryall, nenhum estudante está seriamente doente e não há confirmação da gripe.

Na Europa, Espanha e França têm, respectivamente, sete e um casos de suspeita de gripe suína, sempre envolvendo pessoas que estiveram no México recentemente. Na Espanha, o diagnóstico dos casos suspeitos só deverá sair em dois dias, segundo a ministra de Saúde, Trinidad Jimenez. Para a ministra, a situação na Espanha ainda é de “tranquilidade”, e não “emergência”. Na França, três casos foram descartados, neste domingo.

Na Escócia, duas pessoas que chegaram do México no último dia 21 chegaram a um hospital com sintomas de gripe.

No Oriente Médio, o Ministério da Saúde de Israel mantém sob observação, em um hospital da cidade de Netânia, a norte de Tel Aviv, um homem de 26 anos que voltou do México com sintomas da gripe. A ordem é para que toda pessoa com suspeita de gripe seja mantida em quarentena até o diagnóstico final.

No Reino Unido, um tripulante da companhia aérea British Airways foi levado a um hospital de Londres com sintomas de gripe, mas testes também descartaram a hipótese de gripe suína.

Doença

O vírus da gripe suína identificada no México é do tipo influenza A –uma variação do H1N1– e é transmitido de pessoa para pessoa. Ele possui material genético de vírus de aves, porcos e humanos, com elementos de vírus suínos europeus e asiáticos. Os sintomas são febre superior a 39ºC que aparece repentinamente, tosse, dor de cabeça intensa, dores musculares e articulações, irritação dos olhos e fluxo nasal, além de diarréia forte e vômitos.

Para evitar o contágio, é recomendado usar máscara, não cumprimentar com a mão nem com beijo e evitar as aglomerações de pessoas.

O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA informou que o remédio antigripal Tamiflu –cujo nome genérico é oseltamivir– e o Relenza –Zanamivir– parecem ser eficazes contra a doença.

Diagnóstico

Há suspeitas de que o México tenha perdido dias ou semanas valiosos para identificar essa nova variação da gripe suína. De acordo com a agência Associated Press, a primeira morte causada por essa variação de gripe suína aconteceu no Estado de Oaxaca, no último dia 13, mas o México só enviou amostras de mucosa para análise cinco dias depois.

Naquele mesmo dia, o governo mexicano enviou equipes de profissionais da saúde a hospitais para procurar mais pacientes com gripe severa ou sintomas de pneumonia. Eles perceberam, então, que estavam morrendo principalmente pessoas com 20 a 40 anos, embora os idosos e as crianças sejam as vítimas mais comuns das gripes –o mesmo ocorreu na gripe espanhola, que matou ao menos 40 milhões de pessoas entre 1918 e 1919.

De acordo com o secretário de Saúde mexicano, José Cordova, os laboratórios do país não tinham dados suficientes para detectar a variação inédita do vírus. Para o México, foi só na quarta-feira passada (22) os casos deixaram de ser tratados como remanescentes da época da gripe, que vai de janeiro a fevereiro, para ser casos de um vírus inédito.