Redação SI (09/05/06)- Não é preciso muito. Bastam US$ 10 milhões/ano investidos em projetos direcionados aos pontos quentes da febre aftosa na América do Sul, para erradicar de vez a doença do continente no prazo de cinco anos.
O diagnóstico é de Sebastião Guedes, presidente do Grupo Interamericano para Erradicação da Febre Aftosa (Giefa), parceria entre órgãos públicos e a iniciativa privada, criado em Houston (EUA) há dois anos e que já conta com a participação de 11 países da América do Sul.
Guedes apresentou as estratégias do Giefa durante o Seminário Interamericano de Saúde Pública e Veterinária, encerrado no dia 28 de abril no Centro de Eventos da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), em Uberaba (MG).
Os recursos o Giefa deverão vir de um fundo financiado pelos exportadores de carne (US$ 5 por tonelada de carne exportada). Os frigoríficos estão avaliando a nossa proposta e devem responder até o final da próxima semana, informou Guedes. Segundo ele, a Argentina, a Bolívia e o Paraguai também já estão avaliando a formação deste fundo.
O dinheiro, cerca de US$ 10 milhões/ano, será gasto em ações práticas nas áreas críticas visando: 1- Formar um bom cadastro das fazendas localizadas nos ninhos do vírus; 2- Apoiar a cobertura vacinal do rebanho; 3- Fiscalizar a vacinação; 4- Realizar levantamentos sorológicos.
Segundo Guedes, hoje o governo e a iniciativa privada gastam juntos quase US$ 500 milhões/ano no combate à doença. Com muito menos do que isso, podemos acabar de vez com esta doença medieval, que a cada novo foco causa sérios prejuízos aos países da América do Sul, disse o presidente do Giefa.
O coordenador do Giefa lembrou que os países da América do Sul têm hoje um rebanho de 320 milhões de cabeças a pasto, um regime saudável de criação. Temos um grande potencial como exportadores de carne produzida de forma natural, ao gosto dos consumidores de todo o mundo, disse Guedes.
Erradicar a febre aftosa, segundo ele, é uma tarefa de toda a cadeia produtiva da carne bovina, incluindo os pecuaristas e os frigoríficos. Quem tem boi e vaca não é o governo, disse.
Ao final do seminário, foi divulgada uma carta de intenções do Giefa, que recomenda parcerias estruturadas entre os governos e as organizações do setor produtivo para executar ações de mútuo benefício para a saúde humana e animal com respeito as zoonoses.
O próximo Seminário Interamericano de Saúde Pública e Veterinária já tem data marcada. Será nos dias 27 e 28 de abril de 2007, quando vamos avaliar os trabalhos desenvolvidos pelos Giefa, anunciou Orestes Prata Tibery Júnior, presidente da ABCZ.