Redação (02/07/2008)- A Fort Dodge Saúde Animal acaba de lançar no mercado brasileiro a primeira vacina para combater a circovirose suína disponível comercialmente para aplicação em leitões, a Suvaxyn PCV2. O lançamento do produto, que é sucesso de venda em diversos países, era muito aguardado pelos produtores nacionais, já que vacinação é uma das principais formas de prevenir essa doença imunossupressora responsável por enormes prejuízos relacionados à perda de desempenho e mortalidade nos plantéis afetados e que tem causado grandes prejuízos a suinocultura do País nos últimos anos.
Diagnosticada pela primeira vez no Canadá, em 1990, a circovirose, que ataca o sistema imunológico dos suínos, é uma das doenças da suinocultura que mais cresceram no mundo. No Brasil, o primeiro caso da enfermidade foi registrado em 2000. Segundo a Embrapa, não existem dados oficiais sobre o impacto da doença no País, mas sabe-se que em granjas infectadas a mortalidade pode atingir 30% do plantel.
Estima-se que o custo da doença para o produtor fique entre US$ 4 e US$ 20 dólares por animal acometido. Na União Européia, os prejuízos chegaram a 600 milhões de euros no ano passado. Segundo Alberto Inoue, gerente de produto de aves e suínos da empresa, estudos com a Suvaxyn PCV2 demonstraram excelente retorno econômico, não apenas pela redução da mortalidade, mas também pela melhora na conversão alimentar e ganho de peso em plantéis acometidos pela circovírose.
Comercializada com sucesso em países como EUA, Canadá, México e em algumas regiões da Europa e Ásia, a vacina produzida pela Fort Dodge foi recentemente aprovada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e já havia passado pelo crivo da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBIO) em março deste ano. “Normalmente, os produtos convencionais são avaliados diretamente pelo MAPA, que possui um procedimento padrão para a avaliação e aprovação do uso de produtos biológicos. Como a Suvaxyn PCV2 é resultante de engenharia genética, teve de ser aprovada antes pela CTNBio”, explica Inoue. Segundo ele, a vacina é produzida com tecnologia avançada sendo incapaz de multiplicar-se fora do organismo dos animais, além disso, é segura por ser um produto comprovadamente inativado.
Resultado de extensa pesquisa em biotecnologia, a Suvaxyn PCV2 é uma vacina inovadora que combina a estrutura de dois tipos de Circovírus: o tipo 1 (PCV1) e o tipo 2 (PCV2). O PCV1 é conhecido há mais de 20 anos e não é patogênico para suínos. Já o PCV2, que é responsável pelos quadros clínicos associados à circovirose, pode apresentar efeitos devastadores nos plantéis acometidos. Os suínos podem ser naturalmente infectados pelos dois tipos. A formulação quimérica única da Suvaxyn PCV2 permite manter a segurança do PCV1, não patogênico, enquanto estimula uma resposta imune que protege contra o PCV2, que é patogênico.
Doenças
A infecção pelo PCV2 está associada com várias enfermidades denominadas como síndrome da circovirose suína, que tem como principais sintomas a síndrome multisistêmica do definhamento dos suínos (SMDS), síndrome da dermatite e nefropatia suína, falhas reprodutivas, pneumonias, enterites e tremores congênitos.
Apesar da circovirose acometer animais em diferentes fases da vida, o maior número de casos da doença é registrado após o desmame, a partir da 6 semana de vida. Além da alta taxa de mortalidade, a refugagem é freqüentemente observada. De acordo com estudo publicado pelo College of Veterinary Medicine, animais vacinados com Suvaxyn PCV2 tiveram um ganho de peso de 23 gramas acima do grupo controle, do nascimento ao 143º dia de vida.
Problemas relacionados às falhas reprodutivas e infecções muito precoces em leitões podem ser prevenidos pela vacinação de matrizes. Contudo, a vacinação em leitões assegura uma maior uniformidade de proteção e na dose adequada para que todos os animais estejam devidamente imunizados. Inoue explica que a comprovada duração de imunidade por quatro meses da Suvaxyn PCV2, proporciona maior possibilidade de controle da circovirose, inclusive nas fases de recria e terminação.
Não existe tratamento para a circovirose, qualquer medida terapêutica apenas minimiza os efeitos dos agentes secundários à infecção. De acordo com Inoue, a adoção de medidas preventivas é fundamental, já que o vírus é extremamente resistente e não existe um tratamento efetivo para suínos afetados. “A vacinação é a melhor forma de prevenção a essa doença, mas é importante que o produtor se conscientize da necessidade de controlar também outros fatores, como estresse, falhas de manejo, qualidade da matéria prima e outras enfermidades presentes”, conclui.