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Cicatrização é arma para romper infecções

Os processos biológicos de cicatrização dos ferimentos são a regeneração celular, proliferação celular e produção de colágeno.

Andréa Bonates é médica-veterinária da Schering-Plough Coopers

Redação SI 15/10/2002 – A pele é um dos maiores órgãos do corpo e contém várias glândulas, nervos, vasos e músculos. Possui múltiplas funções, entre elas a  de cobertura protetora para o corpo, além de termo-regulação, secreção, excreção, recepção sensorial, circulação sangüínea, entre outras. É contínua nas aberturas naturais com as membranas mucosas dos tratos digestivo, respiratório e genito-urinário. Em geral, é altamente elástica e resistente.

Quando ocorre uma interrupção na continuidade normal da estrutura de proteção do corpo, dá-se origem às feridas. Nesses casos, acontecem danos nas estruturas cutâneas superficiais e nas estruturas subjacentes à pele. O tegumento subjacente que é normalmente estéril pode ser exposto a qualquer tipo de contaminação e a interrupção do fluxo sangüíneo pode ser observada no momento da vulneração, assim como perturbações nervosas (dor) e acúmulo de substâncias orgânicas.

A cicatrização do ferimento é a restauração da continuidade através do aparecimento de novas células ou de tecido de origem embrionária, logo, estão envolvidos nesse processo a regeneração e reparo. Toda ferida tende à cura pela regeneração das células do parênquima, que é a substituição do tecido lesado por um semelhante ao perdido na lesão. Já o reparo é o processo pelo qual os defeitos teciduais são substituídos por uma cicatriz não funcional.

Os processos biológicos de cicatrização dos ferimentos são a regeneração celular, proliferação celular e produção de colágeno, que ocorrem após a resposta inflamatória inicial. Esta é um pré-requisito para o reparo da ferida, porém fatores locais e sistêmicos que prolonguem esse processo inflamatório são prejudiciais à cicatrização.

Quando se perde uma parte dermoepidérmica da pele, inicialmente, as bordas da ferida se retraem, aumentando a dimensão do ferimento. Ocorre também rompimento de vasos, o que provoca uma vasoconstricção imediata para conter a hemorragia, e é seguido por uma vasodilatação ativa, que promove maior afluxo de sangue para a ferida. Com a exsudação imediata de sangue, líquidos teciduais e a presença de plaquetas, forma-se um coágulo de fibrina sobre a ferida. A vasodilatação local, o extravasamento de líquidos e a oclusão dos linfáticos pelos coágulos de fibrina são responsáveis pelos sinais clássicos da inflamação: rubor, tumor, calor. A pressão e as substâncias químicas são responsáveis pela dor. Os restos celulares deverão ser degradados pelas células de defesa para ocorrer total reparação do tecido. Fibroblastos invadem a ferida, sendo seguidos pelos vasos neoformados.
Começam a secretar colágeno e em conjunto com os vasos, formam o tecido de granulação.

O tecido de granulação é a principal característica do processo cicatricial e é facilmente reconhecido pela aparência rosada ou avermelhada, aspecto granular (botões dos vasos neoformados); é altamente irrigado e fica logo abaixo da casca da ferida. Tem alto poder bactericida e deve ser delgado, firme, com pouco exsudato e a pele vizinha sem sinais de irritação.

O reparo epitelial da ferida se dá por migração celular. As células adjacentes a uma ferida se mobilizam e migram para o interior da ferida e interrompem seu movimento quando encontram uma célula semelhante. A mitose celular normalmente começa, quando a migração cessa. Ocorre queratinização nas células mais superiores e a casca da ferida afrouxa e é desalojada. Pode haver necessidade de dias ou semanas para a epitelização se completar. Em grandes feridas, talvez nunca se complete ou o epitélio pode ficar tão delicado que continuamente fica traumatizado.

Portanto, a migração, proliferação e epitelização são os primeiros sinais de reparo das feridas. O resultado dessa reparação é a cicatriz, que se caracteriza por deficiências funcional e estética. Pode ser cosmética, atrófica, hipertrófica, com retração, com calcificação e com alteração da pigmentação. É pouco flexível por faltarem fibras elásticas no local durante o processo de reparação tecidual.

A reparação de feridas como incisões cirúrgicas, onde não há grande perda tecidual e os bordos são aproximados por sutura realizada de forma asséptica, é chamada  de cicatrização por primeira intenção. Só poderá ser realizada até 12 horas após o aparecimento da ferida. Nesse caso, a reparação tecidual  se processa como descrito anteriormente. O processo conhecido como cicatrização por segunda intenção, ocorre quando existe grande perda tecidual com necessidade de restauração por tecido neoformado ou no caso de feridas contaminadas. É realizada quando se passaram 12 horas do trauma e se caracteriza pela contração da ferida, diminuindo a área a ser reparada por contração dos bordos em direção ao centro da lesão. Essa contração, entretanto, não pode ser exagerada, pois pode provocar a perda de movimentação nas articulações ou até mesmo deformações.  A cicatrização vai ocorrer de dentro para fora pó si só. Muitas vezes, algumas complicações do processo cicatricial podem surgir, como os botões carnosos exagerados, eréticos ou hemorrágicos, além dos quelóides.

Alguns produtos cicatrizantes, como o Bandvet* creme aceleram o fechamento da ferida garantindo melhor reparação tecidual. Nesse caso, o produto recém lançado pela Shering-Plough Coopers estimula a atividade fibroblática , o anabolismo e a síntese protéica, além de ter efeito sobre a atividade mitogênica dos fibroblastos. Com isso, favorece umas cicatrizações mais rápidas, cosméticas e completas, mesmo nas feridas extensas e de difícil cicatrização, pois age na reepitelização estimulando o tecido de granulação e incrementando a replicação celular.