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Controle dos surtos de I.A. na Ásia vai levar bastante tempo, diz especialista.

<p>Para Marcelo Paneago, especialista em saúde animal, a avicultura brasileira pode (e deve) tirar várias lições da experiência asiática com a I.A. Recém chegado da Malásia, gerente da Ceva Animal Health foi um dos palestrantes do X Encontro Técnico-Empresarial da Avicultura Brasileira, realizado ontem (30/11), em Descalvado (SP).</p>

Redação (01/12/06) – O controle total dos surtos de Influenza Aviária no continente asiático ainda é uma realidade distante. A falta de recursos financeiros para combater a doença, a forte presença da avicultura de fundo de quintal, o contrabando de vacinas e produtos avícolas em alguns países asiáticos são alguns dos fatores que retardam o efetivo controle da enfermidade e praticamente tornam sua erradicação impossível na Ásia. 

A opinião é do especialista em saúde animal e gerente da Ceva Animal Health Ásia Pacific, Marcelo Paniago. Recém chegado de Kuala Lumpur, capital da Malásia, local onde reside atualmente, Paniago falou aos participantes do X Encontro Técnico-Empresarial da Avicultura Brasileira, realizado ontem (30/11) em Descalvado (SP). 

Paniago é hoje um dos cientistas brasileiros especialmente instalados na Ásia para estudar o avanço da Influenza Aviária e a experiência das medidas de controle para contê-la no continente asiático.  

Segundo o especialista, embora os sistemas de controle tenham evoluído no continente nos últimos anos, a falta de informação e transparência de alguns países, a criação aberta de patos e o fato de a I.A. ser endêmica em alguns países asiáticos e que acabam servindo de pólo para difusão da doença dificultam seu controle.  

Em alguns países da Ásia, explica o especialista, a avicultura de subsistência é maior que a avicultura industrial.  Existem hoje no continente cerca de quatro bilhões de aves de fundo de quintal. A “cultura da briga de galo” é outro fator que tem influência negativa no controle da enfermidade. “Em alguns países asiáticos, as brigas de galo fazem parte da cultura local. Nesses lugares, os donos têm ligação sentimental com as aves”, comenta.  Atualmente, existem mais de 11 milhões de galos de briga na Ásia.   

Lições – Para Paneago, a avicultura brasileira pode (e deve) tirar várias lições da experiência asiática com a I.A. Na opinião do especialista, a regionalização da avicultura nacional, mais do que importante, é questão de sobrevivência.  

A realização de monitoria ativa, sistemática e abrangente desde as aves do plantel industrial e, sobretudo, das aves de fundo de quintal e migratórias são medidas fundamentais para que se possa detectar precocemente um eventual caso de I.A no Brasil. “A detecção precoce e a adoção de medidas rápidas e apropriadas permitiu que países como o Japão e a Coréia do Sul erradicassem a doença de seus territórios num curto espaço de tempo”, afirma Paneago. 

Segundo ele, a transparência e a notificação rápida e consistente no caso da entrada da doença no País também são quesitos fundamentais para a credibilidade da avicultura brasileira perante as autoridades e o mercado internacional.  

Uma outra lição que a avicultura brasileira pode tirar da experiência asiática, adverte o especialista, é a de não incentivar a avicultura familiar em áreas de avicultura industrial. “Os casos de NewCastle registrados este ano no Brasil foram todos encontrados em aves de fundo de quintal”, argumenta.  

Na opinião de Paneago, a principal aprendizado que o setor avícola pode tirar da escalada do vírus H5N1 na Ásia, no entanto, é reforçar os cuidados com os sistemas de biosseguridade das propriedades avícolas.