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Crise sanitária II

<p>Cenário preocupa grandes frigorífícos. Em Santa Catarina, a decisão de vacinar ou não os animais é polêmica; indústrias são contra.</p>

Da Redação 25/10/2005 – Representantes das principais agroindústrias do país – Sadia, Perdigão, Seara e Coopercentral Aurora – estiveram reunidos ontem em Florianópolis para discutir a situação da febre aftosa. Mas, depois de horas, saíram do encontro sem falar com a imprensa. O presidente do Sindicarnes e também vice-presidente da Perdigão, Paulo de Oliveira, foi o porta-voz do encontro e disse que as indústrias estão preocupadas com a situação. Por enquanto, segundo ele, as empresas apóiam as medidas do governo catarinense nas barreiras.

Segundo critério do Ministério da Agricultura, Santa Catarina é considerado um Estado livre de aftosa sem vacinação. E a decisão de vacinar ou não o rebanho, neste momento, é polêmica. As entidades têm se posicionado contra, ainda que alguns produtores a defendam.

Segundo Oliveira, hoje as agroindústrias estão encarando como um risco equivalente vacinar ou não os rebanhos. “Os Estados que tiveram aftosa são Estados com vacinação”.

“Além disso, se não vacinarmos e não tivermos o vírus, permaneceremos com o status diferenciado, de Estado livre da aftosa sem vacinação”. Embora apóiem as medidas de barreiras sanitárias, as indústrias querem que sejam revistas algumas medidas, como a liberação do corredor de exportação (Porto de Itajaí) para o frango, que está fechado para os estados situados ao norte de Santa Catarina.

Por enquanto, a febre aftosa, que começou com focos no Mato Grosso do Sul e pode ter se estendido para o Paraná, ainda não ameaça tingir de vermelho os balanços das duas principais empresas de alimentos do país, Sadia e Perdigão. Analistas consultados pelo Valor alegam que a carne bovina ainda é um negócio incipiente para as empresas e, por isso, os reflexos nas vendas seria marginal. Mais de 50% da receita delas vem da venda da carne de frango.

O cenário poderá se complicar se a doença se alastrar para Santa Catarina e Rio Grande do Sul, com forte atuação em suínos. A febre aftosa pode ser contraída por animais que tem casco, como os suínos. A Sadia tem abatedouros no Paraná, em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, além de Minas Gerais. E a Perdigão tem três grandes unidades em Santa Catarina.

“Tudo vai depender da posição da Rússia”, observa um executivo. Os russos compram mais de 65% de toda a carne suína produzida no Brasil. “Se confirmarem a doença no Paraná, os russos podem suspender as importações também de Santa Catarina, numa tentativa de proteção”, diz uma fonte do setor.

O negócio de suínos, porém, corresponde a menos de 15% das receitas de Sadia e Perdigão. No momento, a crise tem se refletido apenas nos papéis das empresas, negociados em bolsa. Ontem, as ações PN da Sadia caíram 5,45%, fechando ao preço de R$ 5,2. Já os papéis (PN) da Perdigão, tiveram queda de 3,7%, ao preço final de R$ 61,1. No mês, a Sadia acumula uma baixa de 22,4% e a Perdigão, 21,2%.

Analistas acreditam, ainda, que a volatilidade dos papéis tende a continuar e que as ações poderão apresentar alta, quando essas empresas divulgarem seus resultados do terceiro trimestre nos dez primeiros dias de novembro.