Redação AI (09/03/06)- Do ponto de vista econômico, infelizmente, há outra ameaça além do famigerado H5N1; para os avicultores e autoridades encarregadas da sanidade animal, não menos preocupante que o vírus causador da influenza aviária, é um primo dele, o VDN, que provoca a pneumoencefalite aviária, mais conhecida por Doença de Newcastle, assim denominada porque apareceu pela primeira vez na cidade britânica que lhe empresta o nome.
O alerta foi dado pelo deputado Humberto Bosaipo (PFL), durante a sessão de terça-feira (07), quando o parlamentar apresentou aos pares requerimento para a realização de audiência pública com o fim de discutir o Plano Operacional de Prevenção à Influenza Aviária, posto em consulta pública nacional pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Embora inofensivo a humanos, o vírus [VDN] é devastador entre as aves; só no último mês de fevereiro, conforme o Ministério de Situações Emergenciais da Rússia, quase 350 mil frangos foram vítimas da Doença de Newcastle naquele país, em duas propriedades próximas a Makhachkala, capital de Dagestan, informou o deputado.
O vírus causador da pneumoencefalite aviária foi identificado pela primeira vez no Brasil em 1953, em Macapá à época território federal, hoje Estado do Amapá -, trazido junto com carcaças de frango importadas dos Estados Unidos. Dali, espalhou-se pelo país o último surto, rapidamente controlado, foi registrado em Goiás, há cinco anos.
Além dos sintomas nas aves infectadas tosse, espirros, descarga de muco pela boca e narinas -, outra semelhança entre a influenza aviária e a Doença de Newcastle é a facilidade com que os vírus se espalham, de carona com as aves migratórias, conforme ilustrou Bosaipo. Por outro lado, a semelhança entre os vírus pode ser a chave para a cura cientistas chineses desenvolveram a primeira vacina eficaz contra a gripe das aves a partir do agente causador da Newcastle.
Serão convidados, além do governador Blairo Maggi e do secretário de Desenvolvimento Rural, Clóvis Vetoratto, representantes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Instituto de Defesa Agropecuária, Federação Mato-grossense da Agricultura, Conselhos Regionais de Medicina Veterinária e Zootecnia, sindicatos e associações de produtores.
Bosaipo enfatizou, ao explicar o requerimento, os possíveis impactos econômicos das doenças. Em 2005, as exportações brasileiras de produtos avícolas cresceram 35% com relação ao ano anterior, totalizando us$ 3,508 bilhões us$ 3,324 bi em carne de frango in natura e us$ 184 milhões em frango industrializado; mais de 150 países compram os produtos avícolas do Brasil, argumentou.
Mato Grosso, da mesma forma, apresenta um expressivo crescimento no setor de avicultura hoje são mais de 15 milhões de cabeças, nos municípios de Primavera do Leste, Campo Verde, Chapada dos Guimarães, Tangará da Serra e região do Médio Norte. Lembrou ainda que três grandes indústrias Perdigão, Sadia e Anhembi estão ampliando os investimentos em avicultura no Estado. Com tal perspectiva de expansão [da avicultura], essas doenças seriam um desastre para Mato Grosso, pontificou.
O deputado alertou ainda para o risco que a influenza aviária representa para a saúde pública. A facilidade com o que o H5N1 pode viajar por todos os continentes, de carona com as aves migratórias, assim como a possibilidade do vírus, após mutações, se tornar transmissível entre humanos, além da dificuldade para se produzir vacinas eficazes projetam perspectivas sombrias, trazendo à memória a gripe espanhola, que matou 50 milhões de homens e mulheres ao redor do mundo no início do século passado, assinalou. E lembrou a história.
No Brasil, uma das vítimas foi o advogado Francisco de Paula Rodrigues Alves, presidente da República entre 1902 e 1906, reeleito para a função em 1918, mandato que sequer chegou a assumir, morto pela influenza em 16 de janeiro de 1919.
Ao finalizar, Bosaipo chamou os deputados à responsabilidade e lembrou a mitologia grega. Urge que esta Casa volte as atenções para questões tão sérias e que afetam diretamente a cada cidadão mato-grossense, a cada cidadão brasileiro; a audiência pública servirá para que possamos discutir com as autoridades sanitárias, avicultores e entidades ligadas à sanidade animal, e principalmente com a sociedade, formas de conter e combater esta ameaça, verdadeira espada de Dâmocles que paira sobre todo o Planeta.
"Doença de Newcastle" preocupa avicultores em Mato Grosso
<p>Inofencivo em humanos, o vírus da doença é devastador entre as aves.</p>