Redação (14/07/06)- O Embaixador da União Européia no Brasil, Jorge Pacheco, afirmou ontem que “o Brasil tem de levar a sério” a questão do controle sanitário dos produtos agrícolas, porque a situação “não é boa” no País. A União Européia está avaliando relatórios sobre o controle de resíduos biológicos em frutas e pescados brasileiros e pode anunciar em setembro o veto à importação destes produtos. Em março, por causa da falta de controle de resíduos biológicos, a UE embargou a importação do mel brasileiro.
“Em 2003, uma missão técnica européia detectou vários problemas sanitários no Brasil, principalmente em relação a resíduos de pesticidas””, disse o embaixador à Agência Estado. “A situação não era boa em 2003 e, em 2006, continua igual. Queremos que haja controle.” Além disso, segundo Pacheco, apenas um dos oito laboratórios que fazem testes de resíduos de pesticidas em produtos agrícolas no Brasil é credenciado internacionalmente.
A UE também está avaliando a necessidade de bloquear as importações de frango congelado brasileiro (por causa da doença de Newcastle) e de carne bovina (por causa da aftosa). No momento, uma equipe técnica européia está no País visitando frigoríficos no Mato Grosso do Sul, onde surgiu um foco de febre aftosa no ano passado.
Na quarta-feira, o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Marcus Vinícius Pratini de Moraes, afirmou que a ameaça de barrar alimentos brasileiros se trata de mais um lance de “puro protecionismo sanitário” dos europeus. “”Mais uma vez, estão tentando usar de forma abusiva normas sanitárias para restringir importação””, disse Pratini.
O embaixador europeu rebateu ontem as acusações. “Não adianta Pratini de Moraes dizer que é protecionismo”, disse Pacheco. “Se fosse protecionismo sanitário, já teríamos barrado completamente a importação de frangos do Brasil, por causa da doença de Newcastle, e, no ano passado, vetado a exportação de carne bovina do País inteiro, e não apenas dos Estados afetados pela aftosa.” Pacheco afirmou que quem vai decidir sobre o veto aos produtos brasileiros é um comitê veterinário, que não tem nenhum agricultor. “Se o comitê decidir que os produtos brasileiros prejudicam a saúde do consumidor europeu, ninguém irá contra essa decisão.”
A ameaça de embargo aos produtos brasileiros não será usada para barganhar nas negociações de abertura do setor agrícola europeu, garantiu Pacheco. “Trata-se de uma decisão puramente científica”, afirmou. (AE)