Redação SI (11/06/07) – As escolas estaduais de Campinas, Itapira, Chapecó e Toledo serão as primeiras a receber o livro que promete desvendar um mito que pauta conversas familiares há gerações. O "Mistério da Cisticercose" esclarece sobre o mal erroneamente chamado de "doença do porco" e explica porque é o homem, e não o animal, o grande vilão da história. De autoria da escritora paulista Patrícia Engel Secco, com ilustrações de Daniel Kondo, a obra, com 26 páginas, servirá para trabalhos escolares e como tema de discussão. Além, é claro, de orientar as crianças sobre como evitar esta doença que atinge milhares de pessoas. O lançamento do livro aconteceu nesta segunda-feira, dia 11, no Auditório do Galeria Plaza, em Campinas.
De maneira divertida e inteligente, a publicação “O Mistério da Cisticercose” tem como personagem principal o porquinho detetive Porcolino que, incansavelmente, tenta "limpar a barra dos parentes e amigos de sua espécie". “O Porcolino não se conformava com o fato de seu avô ser acusado injustamente por algo que não fez”, brinca a escritora Patrícia Secco.
A publicação, enquadrada na Lei Rouanet de Incentivo à Cultura, conta com patrocínio da Nutron Alimentos, Merial Saúde Animal e apoio da Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas e do Rotary Club de Campinas Metrópole. “Parte dos livros será deixada na biblioteca das escolas para consultas, enquanto outros exemplares serão distribuídos para que os alunos levem a discussão para casa, junto com os pais”, lembra o diretor comercial e médico veterinário da Nutron, Gabriel Jorge Neto.
Segundo a autora, o livro “O Mistério da Cisticercose” será importante para desfazer uma confusão que até hoje envolve a carne suína. “Nunca aprendi na escola que o porco é também uma vítima. Vamos ajudar para mandar este mito por água abaixo. Hoje, o porco é criado sob normas rígidas de limpeza e tem baixo teor de gordura, portanto, é uma das carnes mais saudáveis”, defende a escritora.
O livro "O Mistério da Cisticercose" é o primeiro de uma série dentro do Projeto Zoonoses, no qual se pretende levar para as escolas discussões sobre doenças como toxoplasmose e brucelose, entre outras. “Já com este primeiro trabalho, pretendemos montar um material de apoio, como CDS, por exemplo, para iniciarmos uma série de palestras em escolas, igrejas e associações comunitárias. Vamos começar pelo Rotary Club de Campinas Metrópole e depois difundir pelos outros Rotarys do Brasil”, completa Gabriel.
Cisticercose
Ao contrário do que muita gente pensa, a cisticercose não é causada pelo suíno, mas sim pelo próprio homem, que pode contaminar as águas, verduras, legumes e a si próprio. Quando ingere alimentos ou carne mal cozida (de bovinos e suínos) que contêm o parasita (e não o ovo), o homem desenvolve a solitária, que já é o verme adulto.
O suíno, por sua vez, desenvolverá a cisticercose ao ingerir alimentos ou água contaminados com fezes humanas. Já o homem adquire a cisticercose quando se alimenta de frutas, verduras e água contaminadas por suas próprias fezes. Portanto, a idéia de que porco é o vilão da história ao transmitir a cisticercose ao homem não passa de um mito.
A carne de porco
A carne de porco é uma alternativa saudável e light. O nível de colesterol da carne suína é inferior ao da carne do frango e contém alto teor de potássio se comparada às carnes bovina e de frango (o que é indicado para os casos de hipertensão arterial), e duas vezes mais ferro do que a carne desta ave. Quando os chineses resolveram domesticar porcos, há cerca de 10 mil anos, não imaginavam que eles passariam por uma grande "saga" gastronômica. Os porcos tornaram-se, injustamente, vilões, temidos pelo seu colesterol. Grande besteira.
Desde que Cristóvão Colombo desembarcou alguns animais na América, em 1493, muito se fez, nas últimas décadas, para a melhora das raças por meio da genética, da nutrição e do manejo. Há cerca de 30 anos, pressionados para tornar o porco uma espécie economicamente mais viável e pelas exigências do mercado por um animal com menos gordura, técnicos e criadores desenvolveram um novo tipo de suíno: nos últimos 20 anos, o teor de gordura da carne suína diminuiu 35%. São 20% menos calorias e 15% menos colesterol.