Redação (29/10/2008)- Como parte de um estudo de múltiplas vertentes, realizado pelas entidades americanas Geological Survey (USGS) e Fish and Wildlife Service Alaska, foi feita uma pesquisa para compreender o papel das aves migratórias na transmissão da gripe aviária entre a Ásia e a América do Norte. Os especialistas envolvidos encontraram provas genéticas nas diversas cepas do vírus da influenza em patos selvagens migratórios que circulam no continente asiático e no Alasca.
Em um artigo divulgado pela publicação Molecular Ecology, os cientistas da USGS observaram que pelo menos metade dos vírus de baixa patogenicidade da IA, encontrados nos patos migratórios, continham pelo menos um elemento genético mais estreitamente relacionado com a Ásia do que com os EUA. Ou seja, tal elemento poderia pertencer a cepa H5N1, considerada a mais perigosa da doença, que causou a morte de 245 pessoas.
Por causa desta descoberta, os cientistas afimam que o vírus H5N1 pode se dispersar pelos continentes através das aves selvagens. "Embora as pesquisas anteriores apontem que a transmissão do vírus através de aves migratórias sejam muito raras, com este estudo tudo muda", afirmou Chris Franson, um dos colaboradores da USGS. Ele acrescentou que a maioria dos estudos anteriores examinaram apenas espécies de aves que não eram migrantes transcontinentais. "Além disso, não foi feito um estudo com as aves que fazem os seus trajetos nas localidades na América do Norte, região considerada muito distante das fontes da gripe aviária asiática", explicou.
Os cientistas obtiveram amostras de patos selvagens em mais de 1400 localidades do Alasca. As amostras foram comparadas com aves de outras regiões da América do Norte e da Ásia. Embora alguns animais estivessem infectados com o vírus da gripe aviária, nenhum caso foi considerado de alta patogenicidade.
"Esse tipo de análise genética – utilizando as cepas da gripe aviária de baixa patogenicidade encontrada frequentimente em aves selvagens – pode dar respostas não só sobre os movimentos migratórios das aves selvagens, mas também do grau de intercâmbio que o vírus possui entre os continentes. Além disso, esta pesquisa pode ser usada como uma ferramenta eficaz para refinar ainda mais os planos de vigilância em toda a América do Norte", concluiu cientista da USGS.