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Saúde Animal

Indústria veterinária passa por mudanças no Brasil

Consolidação motiva ajustes de gestão. País ganhou relevância para as companhias de saúde animal com o aumento de sua participação no mercado mundial de carnes e aumento do consumo interno.

Diante do cenário de concentração que a indústria veterinária mundial vive atualmente, alguns dos maiores grupos globais com atuação no Brasil começaram a ajustar suas estruturas de gestão para buscar uma melhor posição no mercado nacional. Na Intervet/Schering-Plough, Vilson Simon assumiu no fim de janeiro a presidência da subsidiária brasileira. Após trabalhar por doze anos no grupo, Simon passou os últimos três anos e meio fora e agora voltou para assumiu a cadeira deixada por Fernando Heiderich, transferido para a Europa, onde já assumiu a operação global de ruminantes do grupo.

Outro player que passa por mudanças é a Bayer. O braço de saúde animal da empresa reestruturou o departamento comercial, contratou um executivo da concorrente Merial para tentar alavancar as vendas e busca, agora, uma recuperação no mercado brasileiro. O grupo alemão figurou por muito tempo entre as líderes do mercado doméstico, mas nos últimos anos perdeu espaço progressivamente.

Hoje, empresas nacionais como a Ouro Fino estão posicionados pelo menos um degrau acima da multinacional alemã. A mudança na Bayer, no entanto, não está sendo apenas administrativa. A empresa anunciou que deixará de produzir vacinas para febre aftosa em sua unidade de Porto Alegre. O grupo pretende se manter na comercialização, mas ainda busca fornecedores para sua marca. Tantas mudanças no Brasil não são por acaso. O País ganhou relevância para as companhias de saúde animal com o aumento de sua participação no mercado mundial de carnes e, também, com o incremento do consumo no mercado interno. Além disso, o segmento passa por um processo de consolidação, com grandes grupos se aproximando para diversificar produtos, ganhar maior capacidade de investimento, bem como escala e eficiência logística. Nesse sentido, as empresas que não foram adquiridas ou não compraram concorrentes tentam se reestruturar internamente para competir com as gigantes que estão se formando.

No caso da Intervet/Schering-Plough, por exemplo, o Brasil é o segundo maior mercado do grupo, atrás apenas dos Estados Unidos, e representa, sozinho, 10% do faturamento mundial da empresa. O balanço de 2009 ainda não está fechado, mas em 2008 a receita global do grupo alcançou US$ 2,8 bilhões. A empresa perdeu recentemente a liderança no mercado brasileiro de saúde animal, depois que a Pfizer assumiu o controle da Fort Dodge ao comprar mundialmente a Wyeth.

Para se manter entre as líderes, a Intervet/Schering-Plough aposta no desenvolvimento de produtos e programas sanitários que tenham como objetivo ganho de produtividade para os clientes finais. “As indústrias exportadoras de carnes perderam competitividade com a desvalorização do dólar e querem ganhos de produtividade para tentar minimizar essa situação”, afirma Simon. Nesse contexto, o novo presidente da companhia no Brasil projeta um crescimento de 20% em 2010, acima dos 7% esperados para o segmento de saúde animal no Brasil. Ele diz que uma de suas missões é fazer a empresa voltar a crescer de forma expressiva, com a conclusão do processo de fusão entre a Intervet e a Schering-Plough, iniciada em 2007. “É hora de voltar a crescer”, afirma, praticamente descartando a possibilidade de novas aquisições, pelo menos por enquanto. “Uma aquisição seria viável em segmentos que complementassem aquilo que já temos, e não vejo nada atraente para nós nesse sentido no curto prazo”, afirma Simon.

Outras duas empresas que também tiveram recentes mudanças em seus quadros foram a Phibro e a Fort Dodge. Stefan Mihailov assumiu há três semanas a operação brasileira da Phibro. Nos últimos 13 anos ele esteve na Fort Dodge – comprada pela Pfizer -, sendo que nos últimos cinco se dividiu entre a direção região de América Latina, nos EUA, e a direção geral da empresa na unidade italiana. “Brasil e China serão os dois principais focos da empresa neste ano. A China devido seu potencial de crescimento no mercado interno e o Brasil por se tratar de um importante player no mercado internacional de proteína animal”, afirma Mihailov . A Phibro, aliás, passou em 2009 por um processo de fusões. O grupo comprou a Abic, empresa israelense fabricante de vacinas e vai iniciar o processo de regulamentação dos produtos. A ideia é que em 2011 as vacinas da empresa passem a ser comercializadas no mercado brasileiro, especialmente para o segmento de aves. “Existem outras empresas sendo avaliadas, tanto no Brasil quanto no mundo. É possível que ainda este ano tenhamos mais novidades nesse processo de consolidação”, afirma Mihailov, sem dizer quem está na mira do grupo.